‘É uma apuração secreta’, diz Onyx sobre sistema eleitoral do Brasil

‘Não sei por que tanta preocupação em manter um sistema ruim’, afirmou o ministro do Trabalho e da Previdência

Em entrevista ao programa Opinião no Ar, da RedeTV!, nesta quinta-feira, 5, o ministro do Trabalho e da Previdência, Onyx Lorenzoni, criticou o sistema de votação adotado no Brasil — que vem sendo questionado pelo presidente Jair Bolsonaro e se tornou motivo de embates públicos entre o chefe do Executivo e o comandante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

Ontem, em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), relator da proposta do voto verificável, apresentaram evidências de que o sistema do TSE foi invadido por um hacker durante as eleições de 2018. Em nota, o tribunal rebateu Bolsonaro e assegurou que as urnas eletrônicas são seguras e invioláveis.

“O sistema brasileiro tem avanços, por um lado, e muitas inseguranças, por outro lado. Esse sistema não encontra nenhum outro país relevante usando essa metodologia”, afirmou Onyx. “O voto é composto de duas coisas muito importantes: a emissão, a vontade do cidadão que tem de ser materializada; e a apuração pública dos votos. Nada disso é feito no Brasil. É uma apuração secreta.”

O ministro do Trabalho disse que é fundamental haver a possibilidade de auditagem das urnas. “Qual é o problema de fazer auditoria? Qual é a auditoria possível dentro do sistema hoje? Zero. Isso é fato. Por que nós não buscamos uma coisa razoável?”, indagou. “Enquanto não tiver capacidade de fazer essa auditagem, essa dúvida vai permanecer.”

Celulares na sala-cofre

Onyx relatou um episódio desconhecido por muitos sobre os bastidores da apuração do segundo turno das eleições presidenciais de 2018. “A partir de duas semanas antes da eleição, começamos um questionamento para que pudéssemos colocar observadores dentro da sala-cofre do TSE. Foi a primeira vez que [isso ocorreu], graças a uma concessão da ministra Rosa Weber [então presidente do tribunal]. Ela atendeu ao nosso pedido”, afirmou.

“Nos primeiros minutos da apuração, havia um frenesi dentro da sala-cofre e a utilização dos celulares dos apuradores da eleição”, revelou Onyx. “A ministra Rosa mandou tirar todos os celulares de dentro da sala de apuração. Esta foi a grande diferença em relação ao primeiro e ao segundo turno em 2018.”

Impasse

Indagado sobre um possível impasse caso o TSE não mude o sistema de apuração dos votos, o ministro defendeu o entendimento. “Eu continuo acreditando que o diálogo é o caminho para a gente construir a saída desse impasse”, disse. “A própria nota do TSE é um reconhecimento de que o que foi apresentado [por Bolsonaro] está certo.”

Para o ministro do Trabalho, a solução para o problema não é tão complicada. “Não sei por que tanta preocupação em manter um sistema ruim, em vez de a gente buscar um entendimento e uma saída simplificada. Qual é a saída simplificada? Abre a urna e apura os votos no lugar em que votou”, completou Onyx.

Fonte: Revista Oeste

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