Andrei Rodrigues disse que regulamentação da medida será enviada ao Ministério da Justiça
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, pretende colocar em prática uma medida que impedirá que agentes da corporação possam se candidatar nas eleições sem antes deixar a polícia e cumprir uma quarentena de dois anos fora da PF. Em entrevista ao jornal O Globo, Rodrigues disse que a regulamentação será enviada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública neste semestre.
“Se quiser se candidatar, terá que ser exonerado e cumprir uma quarentena de pelo menos dois anos. Quem quiser fazer política partidária está no lugar errado. Infelizmente, a instituição foi usada várias vezes. Isso cria um desequilíbrio do sistema democrático, permitindo que o candidato se projete e use a instituição para proveito próprio”, disse o chefe da PF.
Rodrigues também falou sobre a operação da corporação que teve como um dos alvos um ex-assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Para o chefe da PF, a ação foi correta e baseada na “qualidade da prova”. Lira chegou a procurar o comandante da Polícia Federal para reclamar de vazamentos na ação.
“A PF, em nenhum momento, divulgou nomes, dados, informações, vinculações do próprio deputado ou dos seus assessores. A operação foi baseada em qualidade da prova, com autonomia investigativa e responsabilidade. O que eu comentei com o presidente Arthur foi exatamente nesse sentido, que a PF não divulgou o nome de ninguém. Se alguém identificar desvio de conduta, sou o maior interessado em apurar”, declarou.
O diretor-geral da PF também comentou as invasões aos prédios públicos nos atos do dia 8 de janeiro e reconheceu que houve falha na segurança. Para Rodrigues, no entanto, a falha foi da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que, segundo ele, era quem deveria conter o que ele chamou de “grupo de criminosos”.
“Quem deveria conter esse grupo de criminosos é a PM. Não havia nenhuma razão técnica para que não funcionasse no dia 8, porque todos sabíamos o que ia acontecer. O que se viu foi falha generalizada, mas principalmente pela ausência de uma operação consistente de uma instituição que é uma das melhores polícias do Brasil. A PM tem expertise e profissionais de altíssimo nível”, completou.