Nesta segunda-feira (27), o governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou um projeto de lei que põe fim ao autogoverno dos parques da Disney em Orlando. A medida foi tomada após a gigante do entretenimento ter se declarado contra a controversa política conhecida como “Don’t Say Gay” (Não fale gay).
“O reino empresarial chega finalmente ao fim”, disse DeSantis.
Na frase, em inglês, ele fez um jogo de palavras com o “reino da fantasia” da Disney e outros “reinos” na assinatura do projeto de lei no Corpo de Bombeiros de Lake Buena Vista, no coração do distrito especial.
Em 10 de fevereiro, o Congresso da Flórida, dominado pelos republicanos, aprovou o projeto de lei de DeSantis para que o estado assuma o Distrito de Melhoras de Reedy Creek, que tem funcionado de forma autônoma há mais de meio século.
“Esta legislação põe fim ao estatuto de autonomia da Disney, faz com que a Disney viva sob as mesmas leis que todos os outros e assegura que a Disney pague as suas dívidas e uma parte justa dos impostos”, indicou um comunicado do governo da Flórida.
A partir de agora, o distrito especial está nas mãos de um conselho de cinco supervisores escolhidos a dedo pelo próprio DeSantis, que entrou em conflito com a gigante do entretenimento por causa de uma controversa lei sobre identidade de gênero nas escolas conhecida coloquialmente como “Don’t Say Gay”.
Entre outros pontos, a lei proíbe os professores de falarem aos estudantes mais jovens sobre orientação sexual e identidade de gênero e estabelece multas às escolas infratoras. Em virtude da nova lei, o distrito, pela primeira vez, terá de comunicar o seu orçamento e finanças ao estado e enfrentará restrições na construção de aeroportos, estádios e centros cívicos.
Além disso, não poderá se expandir sem a aprovação do estado e nenhum dinheiro público será atribuído a atrações publicitárias. Contudo, o distrito manterá o poder sobre o planejamento, zoneamento, códigos de construção e segurança, e o atual estatuto de isenção de impostos para propriedades e obrigações.
O chamado “lugar mais feliz da Terra” tinha um estatuto especial de distrito desde 1967, um governo autônomo que lhe permitiu crescer para meia dúzia de parques temáticos, um centro esportivo, um enorme centro comercial, 25 hotéis, a sua própria polícia e bombeiros e quase 80 mil funcionários. Tudo isso em quase 11 mil hectares nos condados de Osceola e Orange, no centro do estado.
Desantis falou nesta segunda-feira sobre a sua “luta” com a Disney para assinar o projeto de lei. “Tivemos uma pequena luta no ano passado por causa da legislação escolar”, disse DeSantis.
Ele também citou a Disney como “uma empresa da Califórnia” que gozava de “privilégios” que mais ninguém tinha na Flórida. “Se enveredarmos por esse caminho como corporação, esses não são os valores que queremos promover no estado da Flórida”, comentou DeSantis. Ele foi reeleito em 2022 para mais quatro anos no governo.