Em um ato com aglomeração e sem respeitar o distanciamento social, apoiadores, congressistas, partidos de oposição e movimentos de esquerda apresentaram “superpedido” de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.
O documento, de 271 páginas, reúne as acusações presentes em outros 122 pedidos já apresentados à Câmara e novas informações sobre supostas irregularidades na compra futura da vacina indiana Covaxin pelo governo federal. O pedido atribui 23 crimes de responsabilidade ao presidente Jair Bolsonaro e tem 46 signatários.
O “superpedido” foi articulado pelo Psol, PT, PC do B, PDT, PSB, Rede, UP, PV e Cidadania junto com os ex-bolsonaristas Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP) e o MBL (Movimento Brasil Livre), representado pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a diferença do novo pedido para os demais é que este “tem a unidade de todos os que pediram o impeachment individualmente anteriormente, com um arco de alianças maior, que pega a esquerda, mas vai até segmentos de direita que estiveram aqui representados”.
De acordo com ele, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estava, até agora, “surfando“, porque “era um debate sobre estratégia de imunização de rebanho, demora na vacina“. “Agora pegou no tema mais delicado, que é da corrupção. Ele [Jair Bolsonaro] sabia, foi avisado, não tomou providência. Crime. Mudou muito e pegou o líder do governo. É como você entrar num ringue e não ter o outro lutador do lado. Aqui não tem quem defenda mais. Acabou o debate“, disse.
Lira, no entanto, já disse reiteradas vezes não ver motivos políticos e nem apoio popular para a abertura de um processo de impeachment. Durante o ato, que foi realizado em um salão interno do Congresso Nacional, Lira comandava a votação do acordo de livre-comércio entre o Brasil e o Chile.
Para que um pedido de impeachment seja iniciado no Congresso, o presidente da Câmara precisa aceitá-lo. Só então o processo é aberto. Para o ex-presidente do PT, deputado Rui Falcão (SP), Lira deveria colocar o pedido em votação, nem que fosse para derrotá-lo. “O que não pode é ficar parado na gaveta“, disse.