Relatório do governo estadunidense indica que defasagem no campo magnético da Terra se expandiu em 7%
Relatórios produzidos este ano pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido apontaram que uma anomalia no campo magnético do planeta localizada sobre o Brasil está se expandindo. Acompanhada por agências internacionais, incluindo a NASA, a chamada Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS ou AAS) aumentou cerca de 7% entre 2020 e 2024, enfraquecendo nesta área a proteção contra a radiação cósmica.
Para compreender melhor esse fenômeno, é necessário ter em mente que o nosso planeta possui um campo magnético que afasta partículas e ventos solares, além de outras radiações vindas de diversas regiões do espaço e que atingem a Terra diariamente.
Entretanto, a anomalia sobre a América do Sul e o Sul do Oceano Atlântico faz com que esse “escudo” fique defasado nessa área em cerca de um terço da média de sua força. Dessa forma, as partículas que seriam repelidas acabam ganhando passagem para se aproximar da superfície da Terra.
De acordo com os relatórios publicados recentemente pela Agência Nacional de Inteligência Geoespacial (NGA) dos Estados Unidos e pelo Centro Geográfico de Defesa (DGC) do Reino Unido, essa anomalia se aprofundou e cresceu em direção ao Oeste nos últimos anos. Os pesquisadores, no entanto, não sabem explicar o motivo pelo qual ela ocorre. Cientistas britânicos acreditam que trata-se de um fenômeno que pode estar ativo há ao menos 11 milhões de anos.
QUAIS SÃO OS RISCOS?
De acordo com os pesquisadores, o fenômeno não representa riscos aparentes para a saúde dos seres humanos. Entretanto, ele é capaz de provocar danos a satélites e a propagações de rádio, visto que as partículas radioativas que penetram a região podem derrubar computadores de bordo. Para evitar que isso ocorra, os equipamentos precisam desligar momentaneamente ao passar pela área da anomalia.
Segundo o doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira, episódios desse tipo geram prejuízos milionários.
“Na vida cotidiana, a gente é tão dependente da tecnologia, qualquer tipo de apagão no sistema elétrico, de qualquer país, gera prejuízo de milhões ou até bilhões de dólares. É algo muito importante para nossa vida tecnológica hoje em dia”, destacou ele em entrevista à Agência Brasil.
Por esse motivo, o fenômeno tem sido estudado por agências internacionais, que buscam descobrir o que pode estar acontecendo com os campos magnéticos nas profundezas do globo. O Brasil também acompanha o fenômeno, tendo lançado em março de 2021 o nanossatélite NanosatC-BR2 em parceria com a Agência Espacial Russa.
“A radiação, principalmente elétrons, nessa região é muito forte. Então, é de interesse das agências espaciais monitorar constantemente a evolução dessa anomalia, principalmente nessa faixa central”, completou Nogueira.