Se analisar os números com atenção, verá quem vai ganhar a eleição
Esta semana participei de um almoço com líderes corporativos e profissionais liberais das mais diferentes atividades. Havia ali umas 100 pessoas. Como não podia deixar de ser, a conversa girou em torno do tema do momento, as eleições. Fui chamado em quase todas as mesas para discutir a respeito do assunto. Parecia um texto combinado. Assim que chegava na roda, a pergunta era a mesma: “E aí, quem você acha que vai ganhar as eleições?”. Eu sabia que no fundo cada um tinha interesse em dar sua opinião. Por isso, respondia também com uma pergunta: “O que vocês estão achando?”.
Com mais ou menos ênfase, o comentário era semelhante: “O presidente vai se reeleger”. Falavam e ficavam aguardando a minha reação. Em todos os casos ponderei: “Vocês têm essa opinião por torcida ou convicção?”. Nesse momento as certezas arrefeciam. Falavam das suas dúvidas e dos seus receios. A conclusão era uma só. Deixavam transparecer o desespero pela derrota que se avizinhava, pois tirar uma diferença de 6 milhões de votos é um desafio quase insuperável na conjuntura atual. Ou seja, demonstravam mais desconfiança que crença.
Por esse grupo é possível inferir mais ou menos o que rola na sociedade. O que precisa ser considerado, entretanto, é que a fila anda. Como todos dizem, as pesquisas são apenas uma fotografia do momento, enquanto as eleições constituem um filme que se transforma a cada cena. Nesse sentido, a informação dada pelo consultor político José Luciano de Mattos Dias é essencial para entendermos o que está ocorrendo. Seu currículo é composto por admirável experiência. Trabalhou como pesquisador no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas e analista sênior do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. É sócio/diretor da CAC, empresa especializada em consultoria política.
Seus pareceres são ponderados com muita cautela, pois bancos e investidores tomarão decisões com base nas conclusões que eles oferecerem.Durante uma conversa fechada com o Banco BTG Pactual, em situação que não havia espaço para torcida ou ideologia, Dias disse que as probabilidades de Bolsonaro vencer são de 52%, ficando para Lula 48%. Chegou a esses percentuais por causa da distribuição nacional dos votos. Afirmou que não é possível hoje cravar quem será o vencedor, mas as chances de reeleição do presidente são maiores.
Outro dado que precisa ser levado em conta é a expectativa da enorme abstenção. Tanto é verdade que os dois lados insistem bastante para que as pessoas compareçam no dia da votação. Como as pesquisas do IPESPE indicam que os eleitores petistas estão demonstrando menor interesse pelas eleições, já que, em números redondos, apenas 40% assistiram ao último debate, contra 60% dos bolsonaristas, os faltosos lulistas devem ser em número mais elevado.
A partir dessas ponderações, levando-se em conta o crescente, e até espantoso, crescimento dos apoios recebidos por Bolsonaro logo no dia seguinte ao resultado do primeiro turno, pode-se inferir que é possível transformar o que hoje é apenas torcida dos bolsonaristas em boa dose de certeza para o segundo turno.
Com essa perspectiva otimista, o ânimo dos eleitores se altera e passa a ser fonte de incentivo na conquista de novos votos, especialmente dos indecisos e daqueles que se recusaram a escolher um candidato no primeiro turno. São apenas mais alguns dias para saber qual será o final dessa verdadeira produção cinematográfica. Aqui foi só uma tentativa de dar um spoiler. Dia 30 nos dirá se esses argumentos traduzem a certeza ou apenas a torcida de alguns eleitores.