Cármen Lúcia acusa o Judiciário de machismo

Ministra disse que o comportamento se repete no STF

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou o Poder Judiciário de ser machista. Para sustentar a sua afirmação, a juíza do STF disse que a Corte tem apenas duas mulheres: ela e Rosa Weber. O mesmo ocorre na Suprema Corte dos Estados Unidos, exemplificou Cármen Lúcia.

Segundo a juíza do STF, essa suposta estrutura de desigualdade se repete na Corte.

“Na presidência do Supremo, tive de pedir a um colega que deixasse a ministra Rosa Weber se manifestar, porque ele a interrompia”, disse a ministra, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, transmitido na segunda-feira 6.

“Isso é de uma estrutura no Brasil onde as mulheres são, historicamente, silenciadas”, afirmou Cármen.

“Dizem que as mulheres ficaram silenciosas na história, não é verdade. Nós ficamos silenciadas pela palavra, voz mais alta e mais graves dos homens, além dos espaços que tiveram para falar. Muitas vezes, há um ambiente que eles nem se dão conta que estão interrompendo mais as mulheres do que homens. Interrompem, sim, e não é só no Supremo.”

Durante o programa, a ministra foi interpelada sobre a possível indicação de Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula nos processos da Lava Jato, para uma vaga no STF. Cármen não se opôs, mas revelou a preferência por uma mulher no lugar.

“Tenho certeza e convicção de que, sendo este um presidente que sempre lembrou das pautas daqueles que são iguais em direitos, mas minoritários no desempenho dos seus direitos, como é o caso das mulheres, não acho que isso vá deixar de comparecer na pauta”, observou. “Pelo menos que ele avalie e leve em consideração no momento de sua escolha.”

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