Cardeal expõe ao papa perseguição da ditadura da Nicarágua

Segundo o religioso, mais uma vez, Francisco pediu para manter o diálogo

O cardeal nicaraguense Leopoldo José Brenes Solórzano se encontrou com o papa Francisco na quinta-feira 3 e expôs a situação da Igreja Católica na Nicarágua, cujos bispos foram tachados de “golpistas” e “terroristas” pelo ditador do país, Daniel Ortega. A perseguição a cristão se intensificou nos últimos meses, e Ortega tem levado religiosos à prisão e fechado emissoras católicas.

Depois de uma audiência privada com o papa, no Vaticano, o cardeal disse que o pontífice “conhece bem a nossa situação”. “Está sempre informado, disse-me para prosseguir com a pregação e com o acompanhamento do nosso povo, permanecer especialmente com nosso povo humilde e sensível e próximo dos sacerdotes”, declarou ao Vatican News.

Além disso, o cardeal foi aconselhado a manter o diálogo. “Devemos sempre manter o diálogo. O diálogo começa, mas não sabemos quando termina, devemos seguir em frente, promovê-lo sempre. O papa sempre nos dá essa indicação: o diálogo não pode terminar.”

O cardeal disse que, ao lado da perseguição a religiosos e opositores do regime, a igreja tem preocupação com o problema da emigração. “Muitas pessoas por motivos econômicos, por desemprego, deixam a Nicarágua e chegam a outros países, como Costa Rica, México, Estados Unidos. É uma grande preocupação para nós e também para o Santo Padre”, declarou.

Brenes foi ao Vaticano no sábado 29 acompanhado do vigário judicial da Arquidiocese de Manágua, Julio Arana. Eles também participaram de encontros com os bispos que compõem o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e os da Conferência Episcopal da Itália.

Um relatório do Observatório Anticorrupção e Transparência encaminhado à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) mostra que desde 2018 a Igreja Católica sofreu mais de 190 ataques na Nicarágua.

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