Recessão é quando há queda do PIB em dois trimestres consecutivos
As projeções de alguns bancos sobre a economia brasileira não são nada animadoras. Eles já trabalham com a possibilidade do Brasil fechar o ano tecnicamente em recessão (termo utilizado para classificar quando há queda do Produto Interno Bruto (PIB) em dois trimestres consecutivos).
“O resultado de 2022 foi muito bom, com crescimento forte, mas que não deve se repetir em 2023. Nenhum fundamento mostra que isso vá acontecer ao longo deste ano”, diz a economista Juliana Trece, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
“O ano de 2023 deve ser bem mais desafiador. Os juros estão em níveis elevados, o endividamento das famílias bateu recorde”, acrescenta Trece.
As medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), como ampliação do Auxílio Brasil e cortes de impostos, também provocaram reflexos momentâneos. E a eleição de Lula (PT), nome indesejado pelo mercado, fez cair a confiança do investidor, que apoiava as iniciativas do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes.
“O último trimestre do ano foi de encolhimento do PIB. Isso mostra que os elementos que fizeram a economia crescer em 2022 não vão repercutir em 2023”, avalia com desesperança a economista Juliana Inhasz, professora do Insper.
A economista Natalia Cotarelli ressalta que o indicador de atividade da instituição mostra um desempenho mais acentuado tanto para o consumo de bens como de serviços neste início de ano.
“A gente tem esse primeiro trimestre mais forte, mas a perspectiva é voltar para algo mais próximo de zero ao longo dos próximos trimestres”, afirma Cotarelli. “O que tem pesado nessa desaceleração é o mercado de trabalho mostrando algum sinal de fraqueza e a política monetária mais contracionista. Esses dois fatores vão continuar pesando sobre a atividade em 2023”.