Presidente eleito desmereceu as conclusões do documento e afirmou que o adversário submeteu os militares à humilhação
Durante um encontro com aliados no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da equipe de transição, nesta quinta-feira, 10, o presidente eleito Lula (PT) criticou o relatório feito pelo Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas.
“Ontem, ocorreu uma coisa humilhante e deplorável para a nossas Forças Armadas”, disse o petista. “Um presidente da República não tinha o direito de fazer uma comissão para investigar as máquinas. O resultado foi humilhante. Ele não poderia permitir que as Forças Armadas fossem humilhadas apresentando um relatório que não diz nada.”
Na quinta-feira 9, a Defesa divulgou um relatório técnico acerca da inspeção que realizou nas urnas eletrônicas durante os dois turnos das eleições. Segundo a pasta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pôs uma série de restrições para a auditoria, o que teria impedido os militares de terem acesso pleno aos sistemas da Corte, como as bibliotecas de softwares e o código-fonte da urna em si.
“O acesso ao código em um ambiente com as restrições supracitadas e com insuficientes ferramentas de análise, apesar de ter propiciado algum avanço na transparência do processo, não foi efetiva para atestar o correto funcionamento do sistema”, argumentou a pasta. “Por isso, é de parecer que somente um teste de funcionalidade em condições normais de uso poderia atestar que o conjunto funciona corretamente.”
Em virtude das limitações, os militares não conseguiram compreender “a sequência de execução de cada parte do sistema eleitoral”. “O acesso aos códigos se deu pelo computador do TSE”, informou a Defesa. “Cada equipamento tinha uma cópia do código-fonte. A Corte autorizou que os técnicos acessassem a Sala de Inspeção portando somente papel e caneta.”
A análise é fruto de um pedido do presidente Jair Bolsonaro para que as Forças Armadas acompanhassem o processo eleitoral brasileiro.
Lula também disse que seu vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), não vai ser ministro. Na semana passada, alguns veículos de comunicação noticiaram que o ex-governador de São Paulo poderia integrar uma das pastas na nova gestão.
Lula ainda destacou que a sua equipe de transição, formada por 31 grupos técnicos, não vai definir nenhum cargo para o seu governo. “Eles vão apenas fazer um levantamento da situação do país”, explicou. “Todos vamos discutir e tomar decisões para melhorar o Brasil.” Os grupos técnicos devem ser um esboço de todos os ministérios da gestão petista.