Ministro da Saúde boliviano, Jeyson Auza, deu declarações nesta quarta-feira
Nesta quarta-feira (7), o governo da Bolívia culpou o “capitalismo” pela falta de vacinas contra a Covid-19 no país e pediu que a questão “não seja politizada” internamente, em meio a críticas da população, nos primeiros dias da campanha de vacinação em massa.
Em discurso durante um evento em La Paz, por ocasião do Dia Mundial da Saúde, o ministro da Saúde boliviano, Jeyson Auza, denunciou “o genocídio disfarçado, imposto a nossos povos pelo capitalismo”.
– Como é possível que menos de dez países desenvolvidos tenham acumulado mais de 80% das vacinas? Este é o maior teste moral pelo qual a humanidade está passando, e nós estamos procrastinando. É estúpido, com desculpa, fazer esforços isolados como países, e não como humanidade – disse.
Auza advertiu que, se a população mundial inteira não for vacinada, “o vírus poderá se espalhar, sofrer mutações e nos afetar a todos”.
O ministro boliviano pediu aos ministros da Saúde de países latino-americanos para reforçarem esta denúncia de “crise de egoísmo”.
Auza também afirmou que os “dólares” que a Bolívia pagou para adquirir vacinas “não servem em relação aos dólares de outros países poderosos”. Por outro lado, ele também pediu para “que não seja politizada a questão das vacinas e para que não se desinforme ou crie pânico” entre a população.
– Em vez de entrar em greve ou simplesmente denunciar à imprensa algo que não é um problema do governo boliviano, mas um problema do mundo, em vez de gritar o que não temos, vamos usar o que temos – acrescentou.
Auza havia negado, na segunda-feira (5), a falta de doses, denunciada por autoridades de saúde e pela população no primeiro dia da campanha de vacinação, que começou em abril com pessoas maiores de 60 anos de idade.
VACINAÇÃO
O governo boliviano assinou contratos para a compra de 5,2 milhões de doses da vacina russa Sputnik V e outras 5 milhões da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford por meio do Instituto Serum.
O país também comprou 400 mil doses do laboratório chinês Sinopharm e recebeu outras 100 mil desse mesmo imunizante, doadas pelo governo da China.
No final de março, a Bolívia recebeu 228 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca por meio do mecanismo internacional Covax, chancelado pelas Nações Unidas, que deve enviar outras 444 mil ao país.
Até o momento, foram administradas 357.924 doses, incluindo a primeira e a segunda dose da Sputnik V, da Sinopharm e da Oxford/AstraZeneca.
Desde o início da pandemia, a Bolívia registrou 12.366 mortes por Covid-19 e 276.890 contágios.