Os moradores da região acreditam que a criança nasceu dessa forma porque pode ser uma encarnação de Deus.
Localizada no Sul da Ásia, a Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com cerca de 1,39 bilhão de pessoas que dividem uma geografia totalmente diversificada, que abriga desde montanhas famosas até praias que tocam o Oceano Índico. Além de ser um país com muita gente, também é extremamente devoto, com um conjunto de religiões chamadas dármicas, que abrange o hinduísmo, budismo, jainismo e sikhismo.
Desenvolvendo-se de maneira diferente das religiões semitas (judaísmo, islamismo e cristianismo), o hinduísmo não foi baseado e construído em questionamentos a respeito de Deus e sua aparência, mas em perguntas mais abstratas, como o que era uma planta, um corpo celeste ou mesmo o homem. Segundo o escritor e orientalista Heinrich Zimmer, autor de “Filosofias da Índia”, isso fez com que a quantidade de deuses e divindades fosse enorme, cerca de 330 milhões.
É essa crença em tantas divindades que faz com que a população acredite que o recém-nascido no Hospital Katihar Sadar, em Bihar, seja a encarnação de uma delas. A mãe deu à luz no dia 17 de janeiro o bebê com quatro braços e quatro pernas, e os moradores dizem acreditar que exista uma razão mais profunda para isso.
De acordo com informações do Daily Star, a criança mal nasceu e já está sendo idolatrada em sua região, inclusive a mãe começou a receber visitas ainda no hospital. O bebê foi filmado e fotografado pelos visitantes, tratando-o como verdadeira celebridade, alimentando o fascínio e a crença de cada um.
As imagens da criança, que circulam no YouTube, mostram seus quatro braços, quatro pernas e alguns órgãos que nasceram fora do corpo. O que para os moradores é um sinal cármico, para os médicos não passa de uma malformação congênita, que pode ter inúmeras razões. O nome da mãe ou da criança não foram revelados. Malformação: motivos e formas de ação
Um estudo europeu mostra que cerca de 2% das crianças nascem com algum tipo de malformação capaz de modificar seu desenvolvimento ou causar riscos à sua sobrevivência. Os principais são: alterações nos membros, coração e medula espinhal. Em alguns lugares do mundo, algumas crenças são alimentadas, mas os médicos afirmam que aproximadamente 25% dos casos são oriundos de causa genética específica.
Portanto, entre as principais causas estão a genética, o meio ambiente (exposição a drogas ainda no ventre, radiação, pesticidas, entre outros), e em cerca de 65% dos casos, a causa ainda é desconhecida. Muitas vezes, a combinação de questões genéticas com alguns fatores ambientais pode ser a explicação para algumas malformações.
A malformação também ocorre quando a mãe contrai alguma doença, por exemplo, a rubéola. Caso não tenha tomado a vacina e se infecte com o vírus três semanas depois de conceber a criança, ela terá grandes chances de desenvolver malformações cardíacas; em seis semanas, surdez.
Uma das formas de identificar essas questões antes mesmo do parto é pelo pré-natal feito corretamente. O ultrassom, por exemplo, é capaz de detectar até 50% dos casos ainda durante a gestação. Exames de sangue também mostram o que os médicos chamam de “fator de risco”, ou seja, quando níveis de algumas vitaminas, hormônios e outras substâncias não são ideais, o que pode causar malformação do feto.
Em alguns casos, detectar com antecedência pode permitir aos médicos lidar com a malformação logo depois do nascimento ou, em quadros mais graves, fazer cirurgias antes que o bebê nasça. Alguns tipos, infelizmente, não permitem nenhuma interferência médica, apenas medidas que minimizem o sofrimento ou a dificuldade de desenvolvimento da criança.