Terrorista italiano foi defendido pelo integrante do STF em processo de extradição no Brasil, antes de ganhar refúgio de Lula
Em prisão perpétua na Itália, o terrorista Cesare Battisti guarda boas memórias de Luís Roberto Barroso, seu advogado no Brasil durante o processo de extradição. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o italiano falou da sintonia ideológica com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista anterior, publicada pelo jornal paulista nesta semana, Battisti havia externado a decepção com Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que o ex-presidente é “capaz de tudo para voltar ao poder” e que se sentiu usado como um “troféu” pela esquerda brasileira enquanto esteve no país.
Sobre Barroso, no entanto, as lembranças são apenas positivas. O ministro do STF defendeu o terrorista italiano antes de ingressar no Supremo, em 2013, depois de indicação da ex-presidente Dilma Rousseff. Battisti diz entender que o advogado de orientação “progressista” ficou decepcionado com os “jogos de poder” do PT no governo.
“Ele tem uma dignidade e ética raras. Nunca deu um passo para trás, nem mesmo sob ameaça do Senado no momento de sua nomeação para o STF” comentou o terrorista italiano.
“É democrático e um progressista de convicção. Ele ficou profundamente decepcionado com as falsas promessas do PT e de Lula, promessas que viraram jogos de poder. Não deve nada a ninguém e segue os princípios de justiça social que são os mesmos dos meus.”
Ao todo, Battisti ficou no Brasil por 14 anos. O terrorista foi beneficiado por uma decisão de Lula em seu último dia na Presidência, em 31 de dezembro de 2010, quando o ex-presidente negou a extradição.
Os crimes de Battisti
Na década de 1970, Cesare Battisti integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, responsável por quatro homicídios em menos de dois anos no período. Todos os incidentes tiveram a participação direta ou indireta do terrorista, acolhido tempos depois no Brasil.
Em dois homicídios, Battisti foi condenado como autor dos disparos: o do agente penitenciário Antonio Santoro, em 1978, e o do motorista da polícia Andrea Campagna, em 1979. Nos outros crimes, foi condenado por dar cobertura e como coidealizador.