As passagens do deputado Luis Miranda pela Justiça

O parlamentar que levanta suspeitas contra o Ministério da Saúde tem negócios mal explicados dentro e fora do Brasil

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) está ganhando os holofotes na CPI da Covid enquanto levanta suspeitas sobre a atuação do Ministério da Saúde para a aquisição da Covaxin. O parlamentar, no entanto, acumula acusações na Justiça desde 2011, quando montou uma franqueadora de clínicas de estética. Sem conseguir honrar os compromissos gerados com o empreendimento, ele migrou para os Estados Unidos. Na América do Norte, mudou de ramo e montou uma espécie de fundo de modo a captar recursos para um negócio de vendas de carros, do qual cerca de 25 investidores se disseram lesados.

Em 2018, depois de ficar famoso cobrando por cursos pela internet que prometiam ensinar como empreender na economia norte-americana, ele se elegeu deputado federal por Brasília. Na disputa eleitoral, outra mancha: o então candidato foi acusado de promover sorteios de smartphones para conseguir votos.

No Brasil, já como congressista, ele teve seus passaportes — comum e diplomático — apreendidos no ano de 2019. Uma antiga cliente ganhou judicialmente o direito a uma indenização de R$ 90 mil por sofrer queimaduras em um procedimento de depilação na antiga empresa de estética. A falta do pagamento causou a retenção dos documentos e a penhora de um imóvel.

O negócio de estética acabou deixando várias marcas na imagem de Miranda. Além das já citadas, o parlamentar foi acusado de estelionato pela Justiça do Distrito Federal em razão de ter passado cheques falsos para a quitação de aluguéis de um imóvel. O processo foi extinto depois que a dívida foi paga. Ainda quando dirigia esta mesma companhia, ele foi gravado enquanto ensinava os seus funcionários a despistar oficiais de Justiça que batiam na porta em razão de ações movidas por credores. O áudio é de 2013 e consta em um processo contra ele, que assume ser “imoral” a conduta instituída.

Transcrição do áudio em que Miranda ensina a despistar a Justiça:

“Seria ludibriar, fraudar o sistema jurídico, pra gente ganhar fôlego pra poder criar metodologias pra ganhar dinheiro. Eu comecei a ver os resultados do processo. Quando o oficial de Justiça voltar, vamos dizer assim: ‘Não, a Fitcorpus Clínica de Estética não é lá’.

A decisão do juiz era assim: ‘Bom, se não é lá… pergunta pra outra parte onde é.

A outra parte: ‘Mas é lá’.

[O juiz:] ‘Não. Uma pessoa que tem fé pública, que é o oficial de Justiça, foi lá e disse que e não é lá. Lá tem outra empresa. Fitcorpus Assessoria e Serviços Ltda, que é uma franqueadora.

É imoral, mas é um jogo que depois, aí vai do meu bom-senso, vai da minha decência, de decidir o seguinte: essa pessoa merece receber, essa não, essa era sacanagem, essa aqui eu devo de verdade.

Na Justiça, a Justiça não pode fazer nada. Ela trava se ela não acha a empresa.”

Fonte: Revista Oeste

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