Armínio Fraga: Brasil corre risco de desembocar em grande fiasco

Economista diz que a “aritmética não fecha”

O ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, teceu críticas ao novo arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula, durante sua participação em uma audiência no Senado Federal, nesta quinta-feira (27). A sessão debatia o tema “juros, inflação e crescimento”.

Na presença de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, o economista disse que a aritmética da proposta “não fecha”.

“A aritmética não fecha. Não é suficiente zerar o primário. Porque zerando o [déficit público] primário significa que você está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros. E o juro é esse que a gente conhece. É fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha”, afirmou.

Fraga também afirmou que 2023 é o ano da economia e que há um risco de o país “desembocar em um grande fiasco”.

“Se o ano passado foi o ano da democracia, acredito que este é o ano da economia. Na minha avaliação, do jeito que as coisas andam, estamos arriscados a desembocar num grande fiasco e já, daqui a pouco, abriremos outra vez a discussão sobre a nossa democracia”, declarou.

Haddad, por sua vez, rebateu as críticas do ex-presidente do Banco Central.

“Não acredito que superávit precise ser muito superior ao que está alinhavado. Um superávit de 1% ou 1,5% do PIB no médio prazo, a partir de 2026 e 2027, é viável e vai por si só endereçar um crescimento maior da economia”, argumentou o ministro.

“Não vejo razão para não dar boas notícias para o povo brasileiro. Garantir os direitos constitucionais não compromete a higidez das contas públicas”, concluiu.

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