Aras chama procurador que o liga ao 8 de janeiro de “ressentido”

É a primeira vez que o ex-procurador-geral é associado por autoridades às manifestações do 8 de janeiro

Após a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão sugerir que o ex-procurador-geral da República Augusto Aras contribuiu para o avanço das manifestações do dia 8 de janeiro de 2023, enquanto esteve no cargo, o ex-procurador-geral disse que a afirmação “não passa de uma opinião ressentida”.

Aras afirmou ainda que as acusações “já foram encaminhadas à Corregedoria do Ministério Público para as providências cabíveis”. Vale ressaltar que é a primeira vez que o ex-PGR é associado por autoridades às manifestações que antecederam o dia dos atos na Praça dos Três Poderes.

“A manifestação de Anselmo Cordeiro Lopes contra mim não passa de uma opinião ressentida de um procurador ainda inconformado com minhas decisões contrárias ao repasse de R$ 2,3 bilhões de um acordo de leniência para a Transparência Internacional, uma ONG alemã. Grande parte deste valor já foi depositado em favor da União, em decorrência das medidas da nossa gestão na PGR”, disse em entrevista ao site O Antagonista.

E completou:

“As acusações oportunistas e infundadas desse procurador, apaixonado por holofotes, já foram encaminhadas à Corregedoria do Ministério Público para as providências cabíveis”.

O ex-procurador-geral faz menção ao acordo de leniência do grupo J&F e à intenção de criação de uma fundação para gerenciar parte do valor, que teria como destino a execução de projetos sociais nas áreas da educação, da saúde, do meio ambiente, do fomento a pesquisa e da cultura.

Já o ofício assinado pelo procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes cita supostas decisões de Aras que teriam prejudicado medidas preventivas contra os atos do 8 de janeiro.

RELEMBRE

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em decisão, no último dia 5, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue a atuação da ONG Transparência Internacional no Brasil. De acordo com a decisão, a ONG chegou a ser designada como responsável por administrar a aplicação desses R$ 2,3 bilhões em investimentos sociais previstos no acordo de leniência da J&F no âmbito da Lava Jato.

Consta ainda da decisão de Toffoli uma manifestação da PGR que indica que, ainda em 2019, a própria procuradoria-geral, à época sob a então procuradora-geral Raquel Dodge, questionou a legalidade da criação de uma fundação nesses moldes. A manifestação foi acatada por decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A Transparência Internacional informou, por nota, que não recebeu ou gerenciou valores do acordo.

Em 2020, Aras emitiu um ofício em que pede o bloqueio do repasse de R$ 270 milhões do acordo de leniência da J&F para a Transparência Internacional. A ONG, à época, negou que recebeu ou receberia o valor.

Com informações AE

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