Após fala sobre Câmara, líderes cancelam reunião com Haddad

Ministro da Fazenda disse que nunca viu a Casa de Leis com tanto poder quanto agora

Líderes partidários e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se reuniriam na noite desta segunda-feira (14) para participarem de uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o novo arcabouço fiscal.

Mas a fala de Haddad sobre a Câmara ter “um poder muito grande” e que ela “não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo” gerou um clima ruim entre os deputados.

Em entrevista ao podcast do jornalista Reinaldo Azevedo, o ministro de Lula se mostrou surpreso com o poder atual da Câmara dos Deputados nas negociações com o Planalto e disse que é um processo difícil conseguir votos dos deputados federais nas propostas do governo.

“O fato é que estamos conseguindo encontrar caminho. Não está fácil, não pense que está fácil. A Câmara está com um poder muito grande e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida”, disse.

Ao jornal O Globo, fontes ligadas aos líderes partidários da Casa de Leis confirmaram que o motivo do cancelamento da reunião foi esta declaração de Haddad. Os deputados estranharam a fala e disseram que sempre estiveram com boa vontade para conversar com a Fazenda.

“A Câmara tem um papel institucional e democrático de independência. Estamos ajudando o executivo como nunca antes. Isso desde o ano passado com a “PEC da Transição”, permitindo o novo governo aumentar em R$ 145 bilhões o teto de gastos. Aprovamos o novo regime fiscal, a reforma tributária. Sinceramente, não entendi essa declaração infeliz com a Casa e seus representantes”, afirmou o líder do PSB, Felipe Carreras (PE).

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O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), e a Pasta de Haddad não acreditam que a fala dele foi a razão para o cancelamento do encontro. O ministro, inclusive, fez questão de ligar para Lira para esclarecer que sua fala não foi uma crítica.

“As minhas reclamações foram tomadas como críticas à atual legislação, estava falando do fim do presidencialismo de coalizão. Tudo o que eu tenho feito é dividir com o Congresso e Judiciário as conquistas”, disse Haddad em sua defesa.

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