Movimento estudantil é coisa de país atrasado, como era o Brasil lá no final da década de 1930
A União Nacional dos Estudantes (UNE) aprovou na reunião plenária final do 59º Congresso da entidade, realizado em Brasília, que vai lutar pela redução dos juros no país.
“A política de juros altos insistentemente levada a cabo pelo Banco Central sob a liderança de Campos Neto inviabiliza o crescimento econômico, e a proposta de arcabouço fiscal impõe limites para o desenvolvimento que o Brasil precisa”, diz o documento da UNE.
E daí? Daí, nada. Provavelmente, ninguém da UNE é alfabetizado o suficiente para entender um comunicado do Banco Central. Se já era difícil encontrar um alfabetizado quando o inimigo era Roberto Campos, imagine agora (o vilão é o neto dele).
A importância da UNE é zero. Entre o regime militar e a primeira década da Nova República, ela foi porta de entrada para a política de personalidades como José Serra, José Dirceu, Aldo Rebelo e Lindbergh Faria. Pois é. Não vou dizer que a UNE funcionava na política como a maconha em relação à cocaína, porque não há evidência científica para essa comparação. No jornalismo, por sua vez, vários trotskistas do movimento estudantil ascenderam nas redações, com o resultado que vemos aí. Hoje, a UNE não propicia tais upgrades. Só produz massa de manobra bovina para o PT, o Psol e vizinhanças ideológicas.
Movimento estudantil é coisa de país atrasado, como era o Brasil lá no final da década de 1930, quando a UNE foi criada como puxadinho do Estado Novo. Ela logo foi tomada pela esquerda (com exceção de um período na década de 1950) e se virou contra Getúlio Vargas, antes de ele próprio se tornar ídolo esquerdista.
UNE, escolinha do professor Lula
Depois, veio aquele passado de lutas, algumas justas até certo ponto e trágicas ao infinito, outras simplesmente cretinas, tudo sempre emoldurado por um atraso social, econômico e intelectual ainda maior do que o atual. Muito coisa melhorou por inércia no Brasil, menos a UNE.
“A UNE é a escolinha do professor Lula, não tem nada de plural, algo singular para quem diz defender a democracia”.
Li que há uma corrente de direita no movimento estudantil. Chama-se União Juventude e Liberdade. É um tipo de moçada semelhante à ligada à UDN na década de 1950, mas sem chance de chegar à direção da UNE, ao contrário do que ocorreu naquela prisca era.
A corrente de direita foi hostilizada no congresso estudantil em Brasília. Não poderia haver obviedade mais anunciada. Os estudantes de direita não entenderam que a UNE é a escolinha do professor Lula, não tem nada de plural, algo singular para quem diz defender a democracia.
Aconselho que os direitistas deixem de lado essa história de luta estudantil de lado. Só serve para dar verniz democrático a uma organização autoritária, assim como fazia o MDB da época dos militares: oposição consentida. Vão estudar e trabalhar. É assim que se derruba a taxa de juros. É assim que se combate a cretinice. É assim que UNE vai acabar de vez e ninguém vai se dar conta disso.