O processo que culminou na detenção de pelo menos 1,2 mil pessoas está no radar dos parlamentares
Deputados vão abrir uma comissão externa para avaliar as condições dos manifestantes presos na Academia da Polícia Federal em Brasília. A investigação sobre o processo que culminou na prisão de pelo menos 1,2 mil pessoas também será objeto de análise dos parlamentares.
Esse tipo de comissão tem caráter temporário. De acordo com as regras da Câmara, todos os partidos poderão indicar seus parlamentares para participar da discussão.
Segundo a deputada Bia Kicis (PL-DF), a quantidade de informações falsas sobre as investigações justificam a instalação da comissão externa. “Precisamos de transparência”, afirmou a parlamentar, ao lembrar de denúncias de óbito dentro do ginásio da Polícia Federal. Mais de 1,2 mil pessoas estiveram detidas até segunda-feira 9, em virtude da invasão do Congresso.
O deputado Domingos Sávio (PL-MG) esteve no ginásio na manhã desta terça-feira, 10, e disse que o local não é capaz de suportar a quantidade de pessoas atualmente presas. “As instalações são reduzidas, e preciso reconhecer o esforço que a Polícia Federal está fazendo para cumprir seu papel”, ressaltou.
Conforme diz o deputado Marcelo Álvaro (PL-MG), as investigações devem preservar os inocentes. “Quem não cometeu nenhum crime não pode pagar pelos crimes cometidos por outros”, salientou. “Quem destruiu o patrimônio público e veio de forma premeditada tem de pagar pelo seu crime.”
Paloma Pediani, presidente do Conselho Distrital de Direitos Humanos, afirma que aqueles que estão presos no ginásio da PF devem passar por uma audiência de custódia no prazo de 24 horas. “A partir daí, saberemos quem serão os culpados pela invasão”, explicou, ao mencionar que 240 homens e 119 mulheres foram encaminhados para a Papuda e para a Colmeia.
Drama
Falta de informação sobre a tipificação dos crimes cometidos, prisões em flagrante, crianças no pátio, idosos com problemas de saúde, alimentação precária. É esse o cenário descrito por advogados que visitaram as milhares de pessoas presas no ginásio da Polícia Federal, em Brasília, depois das manifestações no fim de semana — que degeneraram em vandalismo. As prisões foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.