Desembargador mantém suspensa compra de blindados do Exército

Força queria renovar frota defasada

O desembargador João Batista Moreira, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), rejeitou um recurso da Advocacia Geral da União (AGU) contra a suspensão da compra de veículos blindados da Itália pelo Exército. O juiz citou o fim do governo Bolsonaro como justificativa para vetar a aquisição.

Moreira também mencionou a fragmentação de contratos como motivo para o impedir do negócio. Os militares queriam importar 221 unidades do blindado. A primeira remessa teria 98 unidades dos blindados. “Sabemos muito bem que a técnica de fragmentação muitas vezes serve apenas ao objetivo de vencer resistência”, argumentou o magistrado, na quinta-feira 8.

General critica suspensão de compra de blindados do Exército

O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva manifestou-se contra a liminar do desembargador Wilson Alves de Souza, do TRF1, de suspender a compra de 221 blindados do Exército. No começo da semana, o magistrado atendeu a uma ação popular assinada por Charles Capella de Abreu, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci.

Ao impedir a aquisição dos blindados do Exército, Souza considerou o gasto desnecessário, em virtude de o Brasil “viver tempos de paz”, e estar contingenciando gastos em ministérios, como o da Saúde e o da Educação.

“É exatamente em tempos de paz que um país se arma, a fim de preparar-se para uma possível guerra”, constatou Rocha Paiva, ao classificar a argumentação do magistrado como “absurda” e “surrealista”. “Preparar-se em cima da hora é um suicídio. É muito importante agir com antecedência.” Depois da decisão, a AGU entrou com um recurso, agora negado por outro desembargador do TR1.

Defasagem

O edital de consulta pública para a compra dos blindados foi publicado em março de 2021, e o resultado saiu em 25 de novembro, após longo processo de análise. Os 98 blindados seriam construídos na planta da companhia em Sete Lagoas, na região central de Minas Gerais.

A aquisição fazia parte de uma estratégia do Exército para renovar a frota, que, segundo a Força, está em grande parte defasada, “com seus sistemas mecânicos desgastados e parte do material de reposição descontinuado e/ou de difícil obtenção”. O Exército tem hoje 2 mil blindados.

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