A nova série “Bem-Vindos à Vizinhança”, que estreou em primeiro lugar entre as mais assistidas da Netflix, é mais uma produção de Ryan Murphy baseada na assustadora história real de um casal que comprou sua casa dos sonhos, que se tornou um pesadelo quando cartas ameaçadoras começaram a chegar.
“Bem-Vindos à Vizinhança”, que recebeu o nome de “The Watcher” em inglês, estreou no dia 13 de outubro, e ocupa o primeiro lugar do Top 10 da Netflix, desbancando “Dahmer: Um Canibal Americano”, que havia ficado no topo da lista nas quatro semanas anteriores.
A série de sete episódios vem capturando a atenção e imaginação da audiência com a história da família Brannock, cujos sonhos de criarem um lar em uma nova vizinhança são destruídos por um stalker (termo que significa “perseguidor”) misterioso que se intitula como “O Vigilante” (“The Watcher” em inglês), que começa a aterrorizá-los.
Apesar de o conceito da série já carregar certo suspense e fazer a audiência ficar horrorizada com esta história, o que torna tudo ainda mais assustador é saber que “Bem-Vindos à Vizinhança” é inspirada nas experiências reais de uma família real.
A série se baseia no artigo “The Haunting of a Dream House”, de Reeves Wiedeman, publicado em novembro de 2018 no The Cut, site da New York Magazine. Por sua vez, o artigo foi inspirado em uma história real.
Naomi Watts e Bobby Cannavale interpretam o casal Nota e Dean Brannock, que se baseiam nas vítimas da vida real, Maria e Derek Broaddus. Mia Farrow também está no elenco da série, como uma vizinha excêntrica do casal, acusada de aterrorizar a família.
Então, qual a história real em que a série da Netflix se inspirou? E quem, no final das contas, “O Vigilante” da vida real foi descoberto?
Os Broaddus, a família real que inspirou a série da Netflix
Como já mencionado, “Bem-Vindos à Vizinhança” conta a história real de Derek e Maria Broaddus, o casal que adquiriu uma mansão de US$ 1,3 milhão na 657 Boulevard em Westfield, cidade localizada nos subúrbios de New Jersey. A expectativa era que a casa se tornasse o lar dos sonhos da família Broaddus.
Mas, durante as reformas para renovar a casa para a moradia do casal, o casal recebeu uma carta perturbadora, que era destinada “Ao Novo Dono”. A pessoa que enviou a carta se identificou como “O Vigilante”, e afirmou ser o vigia da casa antes de sua “segunda vinda”.
Os Broaddus compartilharam o conteúdo das cartas com The Cut, que dizia: “A 657 Boulevard é o assunto da minha família há décadas e, à medida que se aproxima do seu 110º aniversário, fui encarregado de vigiar e esperar sua segunda vinda,” dizia a carta.
“Meu avô observou a casa na década de 1920 e meu pai na década de 1960. Agora é a minha vez. Você conhece a história da casa? Você sabe o que está dentro das paredes do 657 Boulevard? Por que você está aqui? Eu vou descobrir.”
O Vigilante ainda fez referências aos filhos do casal, e pediu para que eles enchessem a casa com “sangue novo”. “Você tem filhos. Eu os vi. Até agora, acho que há três que contei”, o stalker não identificado escreveu.
Os Broaddus levaram a carta à polícia, onde foram aconselhados a não compartilhar seu conteúdo com os vizinhos, visto que os policiais acreditavam que o cenário mais provável era que um deles havia enviado.
A integrante do elenco Farrow já comentou sobre a história real, e falou sobre como ela espera que as vítimas, ou seja, os Broaddus, se afastem da nova série e nunca a assistam.
Explicando que a história da vida real era apenas um ponto de partida para o programa da Netflix, ela disse ao RadioTimes.com: “[Foi] uma experiência muito diferente para nós, porque éramos apenas os atores e Ryan criou detalhes muito diferentes,” disse Farrow. “Não sei se minha personagem existiu na vida dessas pessoas.”
Ela continuou: “Esse enredo cobriu o esboço básico… mas os detalhes são [de] Ryan Murphy. Então, eu não sei quem era a família. Eu não sei se eu já soube. Mas eu sinto muito por eles e tudo mais. Espero que eles não vejam a série.”
Quem é o Vigilante?
Uma investigação levou os Broaddus a suspeitarem de um vizinho em particular, chamado Michael Langford. Eles acreditavam que Langford era O Vigilante, devido ao ponto de vista vantajoso da casa de sua família, e que sua família era considerada excêntrica.
No entanto, ele eventualmente deixou de ser um suspeito, e os Broaddus contrataram um detetive particular para investigar a vizinhança. Ao todo, foram três cartas recebidas, e a segunda trouxe detalhes como os nomes e apelidos dos filhos do casal, e continha detalhes que, segundo eles, só poderiam ser de conhecimento de alguém que estivesse dentro da casa, ou extremamente próximo a ela.
Durante a buscar pelo Vigilante, os Broaddus descobriram que os donos anteriores, os Woods, também receberam uma carta logo antes de sair da casa da 657 Boulevard, mas nunca tiveram nenhum problema em 23 anos vivendo ali antes disso.
Os Broaddus nunca se mudaram para a casa e decidiram alugá-la. Eles tentaram processar a família Woods por não divulgar o recebimento da carta, mas o caso foi posteriormente arquivado. A essa altura, porém, as notícias do Vigilante se espalharam pela vizinhança e além.
Diversas teorias surgiram, com usuários de sites como o Reddit afirmando que o Vigilante deve viver dentro das paredes da casa, e outros, inclusive residentes de Westfield, sugerindo que os Broaddus enviaram as cartas para si mesmos, em uma tentativa de retomar as perdas financeiras após se arrependerem da compra da casa.
No entanto, se fosse o caso, o plano falhou miseravelmente: em 2019, os Broaddus venderam a casa por US$959 mil, um valor cerca de US$ 400 mil inferior ao pago pela mesma casa em 2014 (US$ 1,3 milhão).
A história real que inspirou “Bem-Vindos à Vizinhança” foi solucionada?
Apesar de inúmeras investigações, tanto pela polícia, quanto por ex-agentes do FBI contratados pela família Broaddus, o Vigilante nunca foi descoberto, e continua sem identificação até hoje.
Por mais que a série se inspire na história real da família Broaddus, diversas mudanças foram feitas. Por exemplo, os nomes e sobrenomes das vítimas foram alterados, e na série o casal tem apenas dois filhos, que parecem mais velhos do que as crianças reais eram quando a casa foi comprada.
Outra história real
Além da situação vivida pela família Broaddus, outra parte macabra da história de Westfield foi incorporada à produção.
Na série, Dean encontra um nome chamado John Graff, vivido por Joe Mantello, que viveu na 657 Boulevard no passado. Acontece que John Graff é baseado em John List, um residente de Westfield que matou a própria esposa, mãe e filhos em 1971, e então desapareceu por 18 anos.
List se mudou para o estado americano de Virginia, casou novamente, e acabou preso após um episódio do programa de televisão “America’s Most Wanted”, que foi ao ar com uma projeção de como os promotores acreditavam que seria a aparência de List no presente.
Apesar de viverem na mesma cidade, a história dos Broaddus e de John List não se conecta como a dos personagens da série. List viveu na 431 Hillside Avenue, uma mansão em estilo Vitoriano em Westfield, localizada a poucos quilômetros da 657 Boulevard.