No início do mês, ex-presidente havia dito que nunca precisou usar uma arma para se defender
Durante um evento com personalidades do esporte nesta terça-feira, 27 Lula (PT) afirmou que já andou armado quando era jovem. O petista relatou o episódio enquanto criticava a política armamentista do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), que facilitou o acesso às armas para os cidadãos.
“Quando namorava, muito tempo atrás, eu tinha uma garruchinha 22 [arma de cano curto]”, afirmou o ex-presidente na terça-feira 27. “Eu namorava até as 23h30 e tinha que sair a pé. Era longe pacas e não tinha ônibus. Eu tinha uma garruchinha, colocava ela aqui dentro, tirava as balas com medo que elas estourassem algo aqui dentro e colocava as balas no bolso.”
Lula ainda ressaltou que não existe a necessidade de alguém que não sabe manusear uma arma andar armado. Além disso, que o presidente Jair Bolsonaro “não distribui um livro didático para o ensino médio, mas está liberando a venda de armas”.
Para o petista, a liberação da venda das armas “ajuda” o narcotráfico e o crime organizado. “Antes, quando o crime queria armas, eles roubavam um arsenal”, explicou. “Agora, eles compram. Qual é o cidadão de bem que quer tantas armas?”
Nesta quarta-feira, 28, no programa Os Pingos nos Is, o jornalista Augusto Nunes disse que “Lula prova mais uma vez que muda o discurso e conforma a plateia”. “Conforme o auditório, ele muda a história, e não tem o menor compromisso com a verdade.”
No início de setembro, o petista deu uma declaração bem diferente da citada acima. Durante um evento com empregadas domésticas, o ex-presidente afirmou que nunca precisou usar uma arma para se defender. “Eu não acredito que alguém queira uma arma para o bem”, disse. “Tenho 76 anos e nunca tive interesse em ter uma arma. Eu tenho minha fé em Deus e tenho meu comportamento, é isso que é minha proteção.”
STF limita acesso às armas
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para reafirmar as decisões do ministro Edson Fachin, do STF, que revogou partes de decretos de Bolsonaro, restringindo o acesso a armas e munições.
No entendimento do magistrado, existe um risco de violência política no pleito deste ano, e somente as pessoas que comprovem ter a real necessidade, por motivos profissionais ou pessoais, devem ter a posse de armas. Um dos decretos atingidos é o que inclui os moradores de áreas urbanas violentas nos grupos de pessoas aptas a solicitarem autorização para ter uma arma de fogo, sem comprovar a necessidade.