Presidente da República já havia criticado Alexandre de Moraes em sua live ontem
Durante uma entrevista no programa Pânico, nesta sexta-feira, 26, o presidente Jair Bolsonaro disse que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) interfere na Polícia Federal (PF). Apesar de o chefe do Executivo não ter citado nomes, a fala foi em resposta a uma pergunta sobre atuação da PF na operação contra empresários. Nesse inquérito, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, é o relator.
“Esse ministro, ele escala o seu delegado da Polícia Federal, e ele determina que faça isso ou aquilo”, declarou Bolsonaro. “Ele fala ‘a Polícia Federal’, mas não é a Polícia Federal. E ponto final. É uma interferência buscando atingir os seus objetivos, que no meu entender, é o poder.”
Depois, o presidente também disse, dessa vez diretamente, que o magistrado pratica uma censura contra ele. “Essa censura tem sido feita por parte de um ministro, que está no TSE, Alexandre de Moraes, que o objetivo dele é prejudicar a minha campanha”, explicou Bolsonaro. “Ele é parcial nas suas decisões dentro da Corte Suprema.”
Na quinta-feira 25, o chefe do Executivo já tinha criticado Moraes, também em relação à medida de busca e apreensão nos endereços de oito empresários. Todos são integrantes de um grupo em um aplicativo de mensagens que apoia o atual governo. “Esperamos a fundamentação dessa operação o mais rápido possível”, disse o presidente na live.
A alegação de Moraes é que o grupo de empresários compartilhou supostos comentários de teor golpista. O conteúdo foi exposto pelo jornal Metrópoles na última semana, e falava em algum tipo de ação caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições presidenciais deste ano.
A PF cumpriu mandados sobre o caso em cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Entre os alvos da operação estão Luciano Hang (lojas Havan), José Isaac Peres (rede de shopping Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra World Shopping), Luiz André Tissot (Grupo Serra), Meyer Joseph Nigri (Tecnisa), Marco Aurélio Raymundo (Mormaii) e Afrânio Barreira Filho (Grupo Coco Bambu).
“A escalada contra a liberdade tem se avolumado em cima desses empresários”, afirmou Bolsonaro. “Desses oito, dois conheço muito bem. Quero entender o que está ocorrendo. Não falta mais nada para podermos ter um problema grave no Brasil, provocado por uma pessoa.”