Opinião em noticiário contesta legalidade de ação do ministro do STF contra empresários sobre supostas atividades golpistas
Em um editorial contundente na edição de quarta-feira, 24, do Jornal da Band, o jornalista Eduardo Oinegue contestou a legalidade da operação da Polícia Federal (PF) contra empresários simpáticos ao governo, em ação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A pedido de Moraes, a PF realizou operação de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários participantes de grupo de mensagens supostamente dedicado à atividade política. A ação aconteceu na última terça-feira, 23, e gerou reações de diversos setores, como da Procuradoria-Geral da República.
“O Jornal da Band sempre teve um olhar crítico contra os excessos do Poder Judiciário desde a Lava Jato. E o Brasil não pode tratar esse caso como mais um caso”, afirmou Oinegue na abertura do editorial.
Em seguida, o âncora do Jornal da Band cobrou um posicionamento público do ministro do STF sobre a decisão.
“De duas, uma. Ou os empresários são vigaristas, conspiradores, financiadores de um golpe de Estado. Por esse motivo, e cheio de informações nas mãos, o ministro Alexandre de Moraes mandou a polícia para a casa deles, para o escritório, para pegar computador, documento, celular. Se for isso, o Alexandre de Moraes tem que vir a público o quanto antes para explicar quais são os fatos que sustentam essa decisão.”
“A (outra) alternativa é muito pior. Alexandre de Moraes enlouqueceu, passou a achar que tem o poder quase divino sobre a vida das pessoas. É por esse motivo que a gente não pode tratar esse caso como outro qualquer. Há o lado lunático nessa história, e a gente tem o direito de saber qual é.”
Assista ao editorial do Jornal da Band abaixo, a partir do minuto 3:03:
Sobre o caso
O ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal cumprisse mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários na última terça-feira 23. Em um grupo de WhatsApp, os investigados trocaram mensagens com teor supostamente golpista.
Moraes estabeleceu ainda a quebra de sigilos, mandou bloquear as contas bancárias e as redes sociais dos investigados pela Corte. O juiz do STF permitiu ainda à Polícia Federal interrogar os empresários.
Entre os alvos da operação estão Luciano Hang (lojas Havan), José Isaac Peres (rede de shopping Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra World Shopping), Luiz André Tissot (Grupo Serra), Meyer Joseph Nirgri (Tecnisa), Marco Aurélio Raimundo (Mormai) e Afrânio Barreira Filho (Grupo Coco Bambu).