Ao todo, 22 funcionários da Telefônica Brasil e de outras duas empresas terceirizadas serão indenizados em R$ 150 mil por danos morais. Eles atuavam como vendedores em Goiânia (GO) e eram obrigados pelos seus chefes a “pagar uma prenda” caso não batessem as metas estabelecidas. Alguns dos castigos impostos eram dançar músicas da Greychen e do É o Tchan, imitar cachorros e fazer polichinelos.
Além da Telefônica Brasil S/A, as outras duas empresas citadas no processo foram Life Mobile Telecom e Cerrado Digital Telecom. Ambas as companhias pertencem ao mesmo grupo.
Um dos funcionários chegou a tirar uma foto de um aviso que era colocado na porta da sala de reunião. “Prezados colaboradores, quem não realizar imput (meta) de venda hoje terá que pagar prenda na sala de reunião. Prenda do dia: imitar a Gretchen. O líder do vendedor deverá acompanhá-lo”, dizia o comunicado.
Os processos dos 22 ex-funcionários foram movidos pelos advogados Danyelle Zago e Alessandro Garibaldi no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região. As primeiras sentenças saíram em outubro de 2021. Contudo as empresas recorreram. Porém os acórdãos de desembargadores mantiveram as decisões, em maio de 2022.
“Todo dia era uma prenda diferente para quem não batesse meta. Tinha prenda de imitar macaco, fazer flexões, dançar ‘Na boquinha da garrafa’ (do É o Tchan). A da Gretchen era dançar a música ‘Conga la Conga’”, informou Danyelle.
“Essa é a primeira vez em anos de profissão que pego uma situação tão inusitada. Eu enxergo como grave a exigência dessas metas descabidas, porque isso gera um transtorno para o funcionário. O empregado fica apreensivo, isso gera ansiedade. Imagine. Quem não cumprisse a meta era exposto ao ridículo na frente dos outros empregados. Isso é uma situação muito humilhante”, completou.
A advogada afirmou que pelo menos seis processos já transitaram em julgado, o que significa que não cabe mais recurso. Os demais ainda são analisados pela Justiça do Trabalho. O que dizem as empresas?
Procurada, a Telefônica Brasil, que atende pelo nome de Vivo, informou por meio de nota que repudia qualquer tipo de ato que possa constranger os funcionários. Também destacou que não possui mais vínculo comercial de distribuição de produtos com as empresas terceirizadas citadas nos processos.