Argentina: Dólar dispara, atinge máxima histórica e aprofunda crise econômica do país platino

As diversas cotações paralelas do dólar norte-americano na Argentina voltaram a dar forte salto nesta quinta-feira (21), para novos níveis recordes, com os investidores muito tensos pela incerteza que a economia argentina desperta, relata a AFP.

Segundo a agência de notícias internacional, a moeda norte-americana subiu 20 pesos nesta quinta-feira no mercado informal, para um novo máximo de 337 pesos por unidade.

“O dólar parece não ter freio. Diante de um roteiro econômico incerto, a reação maior para se livrar da moeda local e buscar cobertura continua a convulsionar o câmbio, que não consegue encontrar um teto”, disse Javier Rava, diretor das ações da empresa Rava à AFP.

Enquanto isso, no estatal Banco Nación, onde as operações estão restritas a 200 dólares por mês por pessoa, sob certas condições, e tributadas por uma taxa adicional, o dólar avançou 25 centavos nesta quinta-feira, até um máximo de 136 pesos para venda ao público

Nesses valores, a diferença entre o preço oficial e o chamado “dólar azul” (informal) é de 147%.

Até o momento neste mês, o preço do “dólar azul” acumula alta de 41,6%, enquanto no mercado formal a alta foi de 4,6%, diferença que alimenta temores de um iminente salto no câmbio oficial.

DÓLARES FINANCEIROS

Enquanto isso, o valor do dólar no mercado atacadista oficial subiu 20 centavos nesta quinta-feira, para um novo máximo de 129,58 pesos por unidade.

Enquanto isso, o valor em dólares dos mecanismos financeiros para investidores mais sofisticados subiu acentuadamente.

O chamado dólar “dinheiro com liquidação”, CCL, que consiste em comprar ações ou títulos localmente com pesos argentinos e vendê-los em dólares em Wall Street- saltou 7%, para um máximo de 330,23 pesos por unidade.

Por sua vez, o “dólar de ações” ou “dólar MEP”, que se obtém comprando ativos cotados em pesos e em dólares, pagos em pesos quando adquiridos e vendidos em dólares- subiu 5,6%, também a um preço nível recorde de 320,40 pesos por unidade.

Assim, a diferença entre o dólar oficial de atacado e as cotações financeiras fica entre 147 e 154%, uma diferença nunca vista antes.

“O ‘spread’ cambial em máximas recordes pressionam o partido governista a tomar medidas para trazer calma ao mercado cambial em um contexto em que o Banco Central tem sérias dificuldades em aumentar suas reservas e as probabilidades de um discreto salto do dólar oficial. aumentar.”, disse esta quinta-feira em relatório a firma Portfolio Personal Investments.

MEDIDAS

O preço do dólar na Argentina tem subido constantemente desde o final de junho passado, quando foram adicionadas restrições ao acesso à moeda estrangeira e, em seguida, o ministro da Economia, Martín Guzmán, renunciou em meio a tensões financeiras e políticas.

Em segundo plano, há uma forte desconfiança dos investidores subjacente ao progresso da economia local, marcada por fortes desequilíbrios, escassez de divisas e problemas de financiamento, entre outros fatores.

Para tentar diminuir as tensões, o Governo e o Banco Central concordaram nesta quinta-feira em melhorar as condições de acesso ao mercado de câmbio para o pagamento de importações de insumos para setores produtivos estratégicos e facilitar a venda de turistas que chegam à Argentina dólares a uma taxa de câmbio mais favorável que a oficial.

Mas o mercado espera mais e mais medidas substantivas, capazes de frear a deterioração das expectativas.

“Acontece que é urgente travar a crise de confiança no tempo através de fortes sinais políticos e económicos que permitam implementar uma rápida convergência dos desequilíbrios, já que os solavancos e a passagem do tempo apenas acentuam as tensões inflacionárias e financeiras que complicam ainda mais o panorama”, observou nesta quinta-feira o economista Gustavo Ber, chefe do Estudio Ber.

Fonte: EFE

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