Mortes são contabilizadas entre os dias 7 e 18 de julho. Tendência é que temperaturas aumentem
A onda de calor que afeta toda a Europa matou mais de mil pessoas somente em Portugal. Os dados foram confirmados pelo órgão de saúde pública do país e divulgado à imprensa nesta terça-feira (19). A Direção-Geral de Saúde (DGS) havia contabilizado 238 mortes entre os dias 7 e 13 de julho, mas nova contagem, esta com dados a partir do dia 18 de julho, elevou o drama: foram 1.063 mortes.
O período de 1º a 17 de julho foi o mais quente desde 2000, com um valor médio de temperatura de 25,7 graus, 3,6 graus acima da média. A chefe da DGS, Graça Freitas, afirmou que o país precisa se aparelhar para aguentar os efeitos das mudanças climáticas, visto que, segundo ela, as temperaturas tendem a subir ainda mais.
“As temperaturas extremas do ar, como as que ocorreram nos últimos dias (máximas e mínimas), têm um possível impacto conhecido na saúde, como consequência da desidratação, descompensação e doenças crônicas, entre outros fatores. Portugal está entre as regiões do globo que podem ser mais afetadas pelo calor extremo”, resumiu.
O país bateu um recorde de temperatura em 14 de julho, com máxima de 47 graus registrada em Pinhão-Santa Bárbara, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Houve uma diminuição nos últimos dias, mas, segundo Freitas, ainda estão acima da média para este período do ano, gerando inclusive incêndios florestais. No país, as queimadas são causadas pelas temperaturas altas, além da seca prolongada e o mau controle florestal.
IDOSOS SOFREM MAIS
Os dados até agora mostram que as pessoas idosas são mais suscetíveis a morrer por causa da onda de calor, segundo Carlos Antunes, um pesquisador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Segundo Antunes, o número de mortes no futuro dependerá, entre outras coisas, das medidas preventivas que as pessoas adotarem, de como os asilos cuidarão dos idosos e da adaptação da infraestrutura.
“Com a mudança climática, a expectativa é que esse aumento na mortalidade vai se intensificar, então precisamos adotar medidas de saúde pública para minimizar o impacto’, afirmou Antunes.