Bolsonaro critica ordem de Moraes sobre discurso de ódio: ‘Covardia’

Segundo o presidente da República, a decisão do ministro do STF pode gerar um conflito entre os Poderes

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, nesta sexta-feira, 15, a mais recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estabeleceu um prazo de dois dias para que o chefe do Executivo se manifeste sobre a ação impetrada pelos partidos de oposição contra “discursos de ódio”.

“É uma falta de consideração”, lamentou o presidente, durante live transmitida no YouTube. “Quem faz acusações são os partidos de esquerda, que apoiam ditaduras pelo mundo todo. Agora, quem trabalhará para responder a isso aqui? É a minha assessoria.”

Para Bolsonaro, a decisão de Moraes gera um conflito entre os Poderes da República. “Isso é uma covardia”, afirmou. “Há uma coletânea de frases, e terei de me explicar. Minha assessoria explicará.”

Na representação, protocolada na quarta-feira 13, os partidos PC do B, Psol, PSB, PV e Rede argumentam que as declarações do presidente fornecem estímulos psicológicos para os seus apoiadores, que, influenciados, passam a desumanizar os opositores.

As siglas também querem que Bolsonaro condene publicamente o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, ex-candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu (PR). A ação pede que seja fixada uma multa de R$ 1 milhão, caso Bolsonaro “promova novas manifestações nesse sentido”.

Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, a delegada Camila Cecconello, responsável pelo caso, disse que o crime ocorrido na cidade paranaense não foi motivado por questões políticas. “Não há provas de que foi um crime de ódio, pelo fato de a vítima ser petista”, salientou.

Jorge Guaranho, que trocou tiros com Arruda, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e por causar perigo comum.

Pouco depois de encerrar a live, Bolsonaro ironizou a decisão de Moraes.

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