Aliados de Lula desconfiam e desdenham de Randolfe

Para petistas, senador já teria dado contundentes demonstrações de infidelidade

Embora seja coordenador de campanha do ex-presidente Lula (PT), o senador Randolfe Rodrigues (Rede) não dispõe da simpatia dos aliados do presidenciável. Isso porque o parlamentar, que já pertenceu ao Partido dos Trabalhadores no passado, abandonou a sigla durante a revelação dos casos de corrupção na gestão Lula e foi apoiador da operação Lava Jato. Atualmente, porém, Randolfe fez um novo recuo: ele classifica a força-tarefa como “um dos maiores erros que o Brasil já cometeu” e se reaproximou do ex-presidente petista.

Em entrevista à revista Veja, ele negou que suas mudanças de posicionamento sejam sinais de incoerência.

“Quando fui da ala mais à esquerda dentro do PT, havia uma crítica às concessões que o governo Lula fazia naquele momento. Mas mesmo quando rompi e me afastei do Lula via nele a maior liderança política que o Brasil já teve. Não estou dizendo que não houve corrupção nos governos do PT. Teve corrupção no governo do PT e do PSDB, mas o governo mais corrupto é este aqui”, declarou, em crítica à gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Randolfe também afirmou não acreditar que Lula seja corrupto.

“Às vezes, tratamos o combate à corrupção como uma qualidade distintiva do político, quando acho que tem de ser uma qualidade intrínseca. Não acho que o Lula seja corrupto. Pela falta de sinais exteriores de riqueza do Lula posso dizer que ele não é. Acho que os filhos de Bolsonaro, sim, é que são corruptos, pelos sinais exteriores de riqueza. Eu não tenho uma mansão de 6 milhões de reais no Lago Sul, como o Flávio Bolsonaro. Como um menino que chegou um dia desses tem uma mansão? Tem alguma coisa errada aí”, acusou.

Em resposta às críticas de que ele seria um lavajatista infiltrado na campanha de Lula, Randolfe enfatizou que ele “não é um lulista de ocasião”.

“Quem tem a percepção de que sou um infiltrado na campanha podia ter passado esses quatro anos fazendo um pouco de luta política contra o bolsonarismo. Muitos dos petistas que me acusam hoje estavam envolvidos nos escândalos de corrupção do partido. Outros passaram esses últimos anos tirando férias, longe do enfrentamento com Bolsonaro. Não sou um lulista de ocasião”, afirmou.

O senador abandonou o PT em 2005 e migrou para o PSOL, seguindo para o Rede Sustentabilidade em 2015. Seu nome se tornou mais conhecido no Brasil após ele ocupar o cargo de vice-presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19.

Seu partido planejava lançá-lo ao governo do Amapá, mas Randolfe decidiu adiar o projeto para ajudar na campanha de Lula e tentar derrotar Bolsonaro nas urnas. O convite foi feito pelo próprio ex-presidente, que visa ampliar seu leque de alianças políticas e promover uma reconciliação com a Rede, de Marina Silva, hoje rompida com ele.

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