Pessoas do sexo masculino entre 18 e 60 anos foram orientadas a não deixar o país e podem ser recrutadas para lutar na guerra
Dezenas de milhares de ucranianos, a maioria mulheres e crianças, cruzaram a fronteira para Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia nesta sexta-feira (25), quando mísseis russos atingiram a capital do país, Kiev. Homens entre 18 e 60 anos, entretanto, foram orientados a permanecer e lutar.
Muitos esperaram horas em condições congelantes para deixar a Ucrânia depois que o presidente russo Vladimir Putin lançou uma invasão. Iryna, de 36 anos, partiu de Kiev na quinta-feira (24) com a mãe e as duas filhas, de 2 e 4 anos, antes de cruzarem para Ubla, na Eslováquia.
“Deixamos meu marido lá, então ele ainda está lá apoiando nosso governo”, disse ela nesta sexta-feira em um hotel na cidade fronteiriça de Snina. “Oramos pela Ucrânia, e espero que tudo fique bem.”
Na Polônia, que tem a maior comunidade ucraniana da região, com cerca de 1 milhão de pessoas, as autoridades disseram que o tempo de espera para cruzar a fronteira variava de 6 a 12 horas em alguns lugares.
Em Medyka, no sul da Polônia, a cerca de 85 km de Lviv, no oeste da Ucrânia, as estradas estavam cheias de carros, policiais orientando o trânsito e pessoas abraçando entes queridos depois que chegaram ao lado polonês. Um site de mapas na internet mostrou um terço do caminho congestionado com tráfego intenso.
Marta Buach, de 30 anos, disse que seu marido não teve permissão para cruzar a fronteira com ela. “Em Lviv está tudo bem, mas em outras cidades é realmente uma catástrofe. Kiev foi bombardeada, outras pequenas cidades foram bombardeadas, ouvíamos bombardeios em todos os lugares.”
As agências de ajuda das Nações Unidas dizem que a guerra pode levar até 5 milhões de pessoas a fugir para o exterior. Segundo elas, combustível, dinheiro e suprimentos médicos estão acabando em partes da Ucrânia.
Autoridades de fronteira disseram que 29 mil pessoas entraram na Polônia vindas da Ucrânia na quinta-feira, e cerca de metade afirmou que estava fugindo da guerra. Também na quinta-feira, mais de 10 mil ucranianos chegaram à Romênia e quase 3.000 à Eslováquia.
O vice-ministro do Interior da Polônia, Paweł Szefernaker, afirmou que os motoristas de ônibus ucranianos não podem atravessar a fronteira porque os homens em idade de alistamento estão sendo retidos na Ucrânia.
Michał Mielniczuk, porta-voz da região de Podkarpackie, no sul da Polônia, disse que acomodações temporárias estão sendo oferecidas às pessoas que chegam.
“A grande maioria continua para outros lugares da Polônia depois de receber uma refeição quente”, disse ele à agência de notícias PAP.
Na fronteira com a Romênia, mulheres choravam ao se despedir de entes queridos do sexo masculino, partindo para Sighetu Marmatiei, uma cidade remota às margens do rio Tisa, disse uma testemunha da Reuters.
Longas filas se formaram enquanto os carros esperavam para embarcar em uma balsa sobre o rio Danúbio para Isaccea, uma cidade entre Moldova e o mar Negro, mostrou a mídia local na Romênia.
Em toda a Europa central, no flanco leste da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), voluntários estavam colocando mensagens nas mídias sociais para organizar alojamento e transporte para pessoas que chegam das fronteiras.
Ativistas estavam montando pontos de distribuição de alimentos e bebidas quentes e veterinários se ofereciam para cuidar de animais de estimação.