A mãe conta que “Depois do episódio, o Davi se isolou numa parte escondida do condomínio, onde não tem iluminação nenhuma, e ficou sentado com a cabeça baixa e aos prantos”
No última semana, uma criança de 8 anos foi vítima de discriminação racial, injúria e ameaça dentro do conjunto habitacional onde mora. A mãe relatou em entrevista no último domingo, 20, que, desde então, o filho ficou “destruído e traumatizado” com o acontecimento. O caso aconteceu em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
A mãe do pequeno Davi, Priscila Romão, relatou que levou o caso para a Justiça e registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na capital paulista, mas que teme pelo futuro e pelo desenvolvimento do filho, que mudou completamente após o fato. A mãe conta que se mudou para o local após a filha de 17 anos, que era bem próxima ao Davi, ser assassinada. Além disso, ela explica que o filho sempre foi comunicativo, gostava de brincar, e nunca “deu trabalho” a ela.
No dia do episódio, Davi desceu para a área comum do conjunto habitacional onde mora, para brincar com outras crianças. No entanto, ao se aproximar do grupo, um adolescente de 12 anos disse que ele não poderia estar ali devido à sua “cor de pele preta” e que ele o agrediria caso continuasse ali. Ela também conta que uma menina de 10 anos ofendeu o menino chamando de “macaco, negro, horroroso e nojento”. E que um menino também de 10 anos disse para o Davi que ele aquele condomínio não é lugar para ele morar, “por causa da cor da sua pele preta”. A mãe conta que “Depois do episódio, o Davi se isolou numa parte escondida do condomínio, onde não tem iluminação nenhuma, e ficou sentado com a cabeça baixa e aos prantos”,
Patrícia também conta que, após o ocorrido, apenas o irmão da menina que xingou Davi se mostrou arrependido e a mãe da ofensora desceu para a área comum e perguntou o que o Davi teria feito para a filha dela e que após saber o que houve “Com muita arrogância, a mãe falou para a menina pedir desculpa. A criança, também arrogante, pediu e foi embora”.
A mãe de Davi conta que o filho apresentou mudanças visíveis logo após o episódio. “Ele não está bem, não quer comer, não quer brincar e chora o tempo todo. Ele sempre falou tudo certinho, mas ficou totalmente gago” e que mesmo uma semana após caso, ele continua com comportamento “de estado de choque” e introvertido.