A estratégia do primeiro-ministro Justin Trudeau é asfixiar o movimento para acabar com os protestos
Na segunda-feira 14, o governo do Canadá anunciou que os bancos terão autorização para congelar contas de pessoas ligadas às manifestações no país. A estratégia do primeiro-ministro Justin Trudeau é asfixiar os protestos.
Inicialmente puxada pelos caminhoneiros, a mobilização contra a obrigatoriedade da vacina agrupa outras categorias, como ex-policiais, veteranos do Exército e desempregados contrários às medidas restritivas.
Detalhada pela ministra das Finanças, Chrystia Freeland, a medida faz parte das ações previstas no “estado de emergência” nacional decretado ontem.
Com isso, o Estado terá o poder de suspender liberdades civis para manter a ordem, e um dos pontos principais é a tentativa de cortar a origem do dinheiro que permite a organização dos atos.
“Trata-se de seguir o dinheiro e de parar o financiamento desses bloqueios ilegais”, afirmou a ministra Chrystia, em pronunciamento. “Estamos avisando: se o seu caminhão estiver sendo usado nesses protestos, suas contas serão imediatamente congeladas.”
A busca pelo rastro do dinheiro foi além
O governo detalhou que ampliou as regras de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo no país para que abarquem também as plataformas de financiamento coletivo, de onde boa parte da verba usada nos protestos atuais foi coletada.
Assim, todas as empresas do tipo devem informar ao Centro de Análise de Transações Financeiras do Canadá (Fintrac, na sigla em inglês) transações grandes e suspeitas.
A mobilização dos manifestantes, que já dura semanas, teve impactos econômicos, apresentados pelo governo de Trudeau como uma das principais justificativas para impor um estado de emergência incomum na história do país.
Os números atuais sugerem que somente o bloqueio da Ponte Ambassador, que liga o país aos Estados Unidos, na Província de Ontário, causou perdas de US$ 390 milhões (R$ 2 bilhões) em comércio por dia — a via, que transporta de 25% a 30% do comércio rodoviário entre os dois países, ficou fechada por uma semana.
Outras regiões também sentiram o efeito. Coutts, na Província de Alberta, que também faz fronteira com os EUA, perdeu US$ 48 milhões diariamente devido aos bloqueios. Já Emerson, em Manitoba, deixou de embolsar US$ 73 milhões por dia em atividades comerciais.