Adrilles: ‘Cultura do cancelamento é uma forma subliminar de nazismo’

‘Não digo que foi o maior cancelamento de todos os tempos, mas foi, sem dúvida, o mais patético’, afirmou o poeta e jornalista

Demitido da Jovem Pan, atacado e condenado sumariamente pelo tribunal das redes sociais, o poeta, escritor e jornalista Adrilles Jorge afirmou nesta segunda-feira, 14, que o “cancelamento cultural” do qual foi vítima é “um mal, um câncer” e uma “forma subliminar de nazismo”.

As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Opinião no Ar, da RedeTV!.

Adrilles foi demitido da Jovem Pan na quarta-feira 9, depois de fazer um gesto interpretado por críticos do jornalista como supostamente em apologia ao nazismo — o jornalista foi alvo de “linchamento” virtual nas redes sociais. Na ocasião, a emissora repudiou o ocorrido e informou que a opinião do comentarista não refletia as posições da empresa.

Tudo começou durante o programa Opinião, quando Adrilles comentava as declarações do ex-apresentador do Flow Podcat Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, que defendeu a existência legalizada de um partido nazista no Brasil.

Por cerca de 30 minutos, Adrilles fez duras críticas ao nazismo e também ao comunismo, regimes que mataram milhões de pessoas. Ao encerrar o comentário, levantou a mão direita para se despedir. Depois do gesto, é possível ver o apresentador William Travassos dizer: “Surreal, Adrilles”.

“A cultura do cancelamento é um mal, é um câncer. Ela, sim, é uma forma subliminar de nazismo”, afirmou Adrilles no Opinião no Ar. “É você inviabilizar qualquer voz que seja dissonante”, continuou o jornalista.

“Eu jamais faria uma brincadeira, uma piada que seria de extremo mau gosto com um tema tão sério quanto um regime que matou dezenas de milhões de pessoas. Eu falava veementemente contra esse regime”, explicou Adrilles.

Na entrevista, o escritor e jornalista classificou o nazismo como “o sistema genocida mais cruel da história da humanidade”.

“Em uma discussão aguerrida, eu fiz esse ‘tchau’ e, como estava mais incisivo, me coloquei em uma postura mais fechada, mais fria. Como pode ser nazista alguém que fala por 30 minutos contra qualquer tipo de propaganda nazista ou de fundação de partido nazista?”, indagou Adrilles ao comentar o episódio.

O comentarista lamentou o fato de o vídeo completo de sua participação no programa da Jovem Pan ter sido tirado do ar. “Esse vídeo desapareceu. Eles ‘printam’ uma imagem congelada e isso se transforma em uma gesticulação nazista”, disse. “Não digo que foi o maior cancelamento de todos os tempos, mas foi, sem dúvida, o mais patético. É a tentativa de destruição de uma pessoa, de destruição do caráter.”

Críticas à grande imprensa

Durante a entrevista ao Opinião no Ar, Adrilles criticou o papel da grande imprensa na cobertura de sua demissão e do suposto gesto nazista.

“Existe uma cultura progressista identitária que está entranhada em universidades, faculdades, escolas, agremiações políticas e na maioria da grande mídia”, afirmou. “É uma deturpação deliberada de pessoas que fazem um movimento e criam um poder paralelo ao próprio governo conservador que foi eleito no Brasil”, prosseguiu o jornalista.

“Não dá para dizer que um ‘tchau’ seja interpretado como uma saudação nazista sem o mínimo de investigação. E o mínimo de investigação é o que a grande mídia não fez no meu caso. Vivemos uma ditadura subliminar de um pseudoprogressismo no Brasil, que cerceia e persegue vozes no país”, completou.

Apesar da perseguição nas redes, Adrilles destacou o fato de também ter recebido muito apoio. “Eu ganhei milhares de seguidores nos últimos dias. Existe um público consumidor e cidadão que tem consciência do que vem acontecendo e percebe que há uma injustiça cabal nesse tipo de cancelamento”, disse.

Candidatura

Especulado como possível candidato a deputado federal nas eleições de outubro — ele teria sido procurado por partidos como o PTB —, Adrilles confirmou que a entrada na política partidária é uma “possibilidade” neste momento.

“É uma possibilidade. Eu nunca tinha aventado essa possibilidade, mas estamos em uma guerra cultural do bem contra o mal. O mal é quem tenta cercear sua liberdade de expressão”, finalizou.

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