Ex-governador da Bahia pede humildade ao PT e afirma que ‘eleição não é peru de Natal, não morre de véspera’
Apesar do discurso otimista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, que parecem já dar como favas contadas a vitória do petista nas eleições de outubro, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) pediu humildade ao partido e lembrou que ainda faltam mais de oito meses para a disputa nas urnas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Wagner afirmou que o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, é um adversário mais difícil para Lula do que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
“Moro não tem esse exército de seguidores e não tem nada de político. Como eu acho que a última opção do povo por alguém que não era da política não deu muito bom resultado, eu não sei se vão optar de novo”, afirmou o petista. “É a velha música do cada macaco no seu galho. Ele não entende muito disso daqui.”
Wagner disse ainda que o PT não pode cair na tentação do “já ganhou” e precisa “botar a sandalinha da humildade”, pois a eleição presidencial está longe de ser decidida.
“Eleição não é peru de Natal, não morre de véspera. Eleição tem que trabalhar até a abertura das urnas”, alertou. “Muita gente em 2018 foi dormir com a faixa e acordou derrotada. Não brinco com isso, até me preocupo.”
O ex-governador da Bahia também comentou a provável aliança entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), que deve ser o candidato a vice na chapa petista.
“O presidente tem um perfil, um lugar de fala, um público preferencial. Alckmin tem outro público, outro lugar de fala e outro público preferencial. Ele cumpre, como poderia cumprir a Luiza Trajano, como poderia cumprir o Josué Alencar, o Roberto Rodrigues ou mil outros nomes”, disse.
Indagado se o Centrão, que hoje apoia majoritariamente Bolsonaro, poderia migrar para a candidatura de Lula, Wagner respondeu: “Em muitos Estados, Nordeste, Norte, as pessoas querem andar ao lado do Lula, sem ele ter dado nenhuma emenda para elas. Pelo peso da ideia. Ele é uma ideia-força. O Lula tem a política como arma de trabalho. Então, eu acho que é possível”.