Bolsonaro, sobre reajuste a professores: ‘A quem pertence a caneta bic?’

Presidente disse que o aumento de 33% é um meio de valorizar 1,7 milhão de professores do ensino básico no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta sexta-feira, 4, de um evento no Palácio do Planalto para formalizar a portaria que estabelece reajuste de 33% no piso salarial dos professores da educação básica.

Desde que anunciou que o valor passaria de R$ 2.886 para R$ 3.845, em 27 de janeiro, governadores e prefeitos se colocaram contra o tamanho do aumento e têm defendido uma correção de apenas 7%, com base na inflação.

“A quem pertence a caneta bic para assinar o reajuste?”, disse Bolsonaro. “Havia, sim, pedidos de muitos, mas muitos chefes dos executivos estaduais e municipais querendo 7%.”

“O recurso, se a gente conceder 7%, a diferença, 26%, fica pra quem? Como vai ser utilizado? Qual a melhor maneira de usar esse recurso? É com o professor ou é com o respectivo prefeito ou governador?”, questionou.

Segundo o presidente, o reajuste de 33% é um meio de se valorizar 1,7 milhões de professores do ensino básico no Brasil que, de forma direta, estão envolvidos com 38 milhões de alunos. Trata-se do maior aumento desde a aprovação da lei do piso salarial.

Bolsonaro, que lembrou ser formado em educação física, disse “não precisou mais que poucos segundos” para decidir, com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que era justo conceder o aumento.

“Eu sempre fiz uma coisa na minha vida, sempre, aprendi cedo, quando servi em Nioaque, Mato Grosso do Sul: se colocar do outro lado do balcão”, declarou.

Em resposta ao presidente, também no dia 27, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) afirmou que, caso seja confirmado o reajuste, os municípios terão um impacto de R$ 30 bilhões, “colocando os entes locais em uma difícil situação fiscal e inviabilizando a gestão da educação no Brasil”.

Hoje, Milton Ribeiro rebateu governadores e prefeitos e garantiu que não faltam recursos e que o governo federal pode socorrer, eventualmente, um gestor que não consiga cumprir esse montante.

“Me lembro, pouco antes do final do ano, ter sido procurado por alguns prefeitos e até governadores com dificuldades, devido ao montante de recursos para a educação que tinham, de usar. E me perguntaram o que agente pode fazer? Aí foram bônus, computadores, então, os recursos existem”, garantiu.

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