O décimo protótipo do Starship, o SN10 (ou serial number10), decolou, voou por seis minutos, atingindo uma altura de 10 metros, antes de voltar à superfície, pousar na plataforma, pegar fogo e … explodir. Um feito para o milionário Elon Musk e a equipe da Space X.
Pode parecer estranho comemorar o fato de um veículo espacial, cuja ambição é ir à Marte e voltar, já a partir de 2023, fazer um voo tão curto e baixo e se desintegrar após pegar fogo.
O grande feito do SN10 foi ser capaz de, após o lançamento, fazer duas manobras, ficando na horizontal e depois novamente na vertical, desacelerar rapidamente e voltar intacto ao solo. Pode-se dizer que, com seus 50 metros de comprimento, ele praticamente caiu do céu e pousou de forma suave.
Nos seis minutos em que ficou no ar, o SN10 – com tamanho um pouco menor do que um A380, o maior avião comercial em operação com capacidade para mais de 500 passageiros –, subiu, se inclinou até ficar na horizontal, de barriga para baixo, perdeu velocidade enquanto descia e voltou à posição vertical com a cauda para baixo. Coisa que seus dois antecessores não conseguiram.
Nos testes com os dois protótipos anteriores, o SN8 e o SN9, eles até conseguiram fazer as manobras corretas, mas não desaceleraram o suficiente e se chocaram com o solo explodindo no pouso, devido ao excesso de velocidade. A boa notícia neste caso é que a equipe liderada por Musk conseguiu em cerca de 3 meses ajustar o controle da orientação do veículo espacial, fazendo a manobra e chegando à velocidade necessária para o pouso na vertical. Um prazo bem curto em projetos espaciais.
Descarte honrado
Por isso, o teste com o SN10 foi uma grande conquista. Dois minutos após comemorar, no Twitter, o pouso bem-sucedido, Musk complementou o post dizendo que o protótipo teve um “descarte de honra”: “RIP SN10, honorable discharge”. Embora não tenha sido confirmada, a suposição é que a explosão tenha sido causada por um vazamento de gás metano.
“Se considerarmos que há seis meses os protótipos da Starship faziam voos de apenas 150 metros, temos uma ideia da velocidade com que o projeto do excêntrico empresário norte-americano vem avançando”, diz Arie Halpern, especialista em tecnologias disruptivas. “A estratégia dele para a ousada meta de desenvolver foguetes reutilizáveis, produzi-los em escala e, assim, transportar pessoas ao redor da Terra, é fabricar modelos e testá-los em voos num ritmo jamais visto”, explica.
Nesse ritmo, é provável que o SN11 levante voo da base em Boca Chica Village, no extremo sul do Texas, muito em breve. E, certamente, já com as correções e melhorias para que se mantenha intacto após o pouso. A Space X já tem protótipos em construção até o SN19 e planeja em 2023 realizar a primeira viagem de turismo especial à Lua.