Item viajará até se situar a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, quatro vezes mais longe que a Lua
O foguete Ariane 5, que transporta o James Webb, maior telescópio já enviado ao espaço, decolou neste sábado (25), dia de Natal, às 9h20 (horário de Brasília), do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
O telescópio viajará até se situar a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, quatro vezes mais longe que a Lua, e de lá oferecerá uma vista inédita do universo.
Graças à tecnologia de ponta e revolucionária, o equipamento poderá olhar para trás no tempo para observar as primeiras galáxias que nasceram.
Este telescópio é resultado de uma colaboração entre as agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa), da Europa (ESA) e do Canadá (CSA).
Com peso de mais de seis toneladas, instrumento entrou em órbita depois de uma viagem de 27 minutos e sete segundos
O telescópio infravermelho, classificado pela Nasa como o principal observatório de ciências espaciais da próxima década e fruto de um investimento de US$ 9 bilhões, foi embalado dentro do compartimento de carga do foguete Ariane 5.
O instrumento tem um peso de mais de seis toneladas entrou em órbita depois de uma viagem de 27 minutos e sete segundos em direção ao espaço. A partir de agora, ele vai se desdobrar, gradualmente, até o tamanho aproximado de uma quadra de tênis ao longo dos próximos 13 dias.
Ao todo, o telescópio Webb levará um mês para chegar ao seu destino na órbita solar, a cerca de 1,6 milhão de quilômetros da Terra — quatro vezes a distância entre o planeta e a Lua.
Diferenças em relação o Telescópio Hubble
O caminho orbital do Webb o manterá em alinhamento permanente com a Terra. Como base de comparação, o antecessor do Webb, o Telescópio Espacial Hubble, orbita o planeta a cerca de 340 milhas de distância, entrando e saindo da sombra da Terra a cada 90 minutos. O Webb é cerca de 100 vezes mais sensível do que o Hubble, lançado em 1990.
Por meio do espectro infravermelho, o Webb permitirá observações do cosmos através de nuvens de gás e poeira onde as estrelas nascem, enquanto o Hubble operou, principalmente, em comprimentos de onda ópticos e ultravioleta.
O Webb é maior do que seu antecessor e, por isso, consegue captar mais luz e observar mais longe. Seu espelho primário tem 6,5 metros de diâmetro, quase três vezes mais do que o Hubble.
Como a luz infravermelha tem um comprimento de onda mais longo do que o normal, o James Webb, na prática, vai conseguir “enxergar mais longe”.
A expectativa é que o telescópio tenha uma vida útil maior do que dez anos. Esse tempo é limitado pela quantidade de combustível usado para manter a órbita e pelo funcionamento adequado dos instrumentos.
Por ficar tão longe da Terra, seria inviável consertar o Webb no caso de algum defeito, como já foi feito com o Hubble.
Visão do cosmos nunca antes alcançada
O espelho primário do novo telescópio, formado por 18 segmentos hexagonais de metal berílio revestido de ouro, tem uma área de coleta de luz muito maior do que o normal, o que permite a observação de objetos a distâncias maiores — “mais para trás” no tempo do que o Hubble, por exemplo.
Segundo os especialistas, essas características permitirão uma visão do cosmos nunca antes alcançada.
A visão do Hubble remonta a cerca de 400 milhões de anos depois do Big Bang — o ponto de inflamação teórico que pôs em movimento a expansão do universo observável há cerca de 13,8 bilhões de anos.
Os astrônomos esperam conseguir estudar buracos negros supermassivos que ocupariam os centros de galáxias distantes, muitas delas jamais observadas.
Os instrumentos do Webb fazem dele ideal para procurar evidências de atmosferas potencialmente sustentadoras de vida em torno de dezenas de exoplanetas documentados recentemente.
O telescópio é fruto de uma cooperação internacional liderada pela Nasa, em parceria com as agências espaciais europeias e canadenses. O contratante principal é o Northrop Grumman Corp.
A operação astronômica do telescópio, que será gerenciada pelo Space Telescope Science Institute em Baltimore, deve começar em 2022.