Ministro se disse “honrado” pelo reconhecimento de seu trabalho
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi eleito o brasileiro do ano de 2021 pela revista IstoÉ. Ao anunciar a decisão, o periódico classificou o magistrado como “destemido, corajoso e resoluto”, além de “um dos principais ministros” da Suprema Corte e “um dos maiores especialistas em Direito Constitucional do país”. Na avaliação da Istoé, o destaque de Moraes este ano foi pela sua “incansável defesa da democracia”.
Em entrevista à revista, Moraes se disse “honrado” pelo reconhecimento de seu trabalho e comentou a sua atuação nos acontecimentos políticos deste ano. O magistrado foi o responsável por dar ordem de prisão a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro investigados no inquérito das milícias digitais. Ele disse que há pessoas que “confundem liberdade de expressão com liberdade de agressão” e negou a existência de censura prévia no país.
“Eles podem expressar o que bem entenderem. Ninguém tolheu a liberdade deles, tanto [é] que não houve censura prévia. Eles ameaçaram, atentaram e ofenderam. Se você é corajoso o suficiente para usar a sua expressão além da liberdade para atacar as instituições, deve ter coragem também de assumir as suas responsabilidades. Mas quem abusa com discursos de ódio, preconceituosos, discursos que atentem contra a democracia, a legislação prevê que isso é crime, e essas pessoas devem ser responsabilizadas penalmente”.
Moraes também comentou os atos do 7 de setembro, dizendo que foram “ofensivos” e que não devem se repetir.
“Foram atos ofensivos não só contra a pessoa deste ministro, mas principalmente contra o Supremo. No dia seguinte, o presidente se retratou. Atos assim não devem se repetir em um Estado Democrático de Direito”, assinalou o ministro.
Moraes afirmou que a Carta à Nação, do presidente Bolsonaro, representou um “recuo” e evidenciou que o líder do Planalto percebeu que “extrapolou”. Ele negou que Corte tenha responsabilidade nos embates que ocorreram entre o Executivo e o Judiciário.
“Por parte do Supremo, em momento algum houve ameaças ou tentativas de ruptura em relação ao Executivo. O STF simplesmente cumpriu a Constituição durante todo esse período, com mais ênfase ainda durante a pandemia. Por isso, eu trataria aquilo como um episódio em que o presidente da República percebeu que havia extrapolado e recuou. Aquela retratação foi importantíssima para o equilíbrio do país”, assinalou.
Moraes avaliou ainda que um dos atos “mais importantes para a defesa da democracia” foi a instauração do inquérito dos atos antidemocráticos.
“Este inquérito permitiu que iniciássemos as investigações e no momento em que as agressões passaram a se ampliar. Quando as estruturas criminosas começaram a atuar mais livremente, já tínhamos uma investigação sólida, com dados importantes que permitiram não só os pedidos de prisão por parte da PGR, mas também da PF, e outras medidas importantes, como bloqueios de dinheiro e o fim da monetização de determinadas redes sociais. Isso, sem dúvida, se não eliminou de vez, ao menos estancou uma grande parte dessa atividade criminosa”.
Além do ministro, a IstoÉ elegeu outros dez brasileiros que, na visão deles, se sobressaíram nas áreas da política à cultura, do meio ambiente à diversidade, do esporte à ciência. Os nomes serão anunciados nos próximos dias.
Usuários de redes sociais se uniram para criticar a IstoÉ após a revista revelar a capa de sua nova edição. A imagem repercutiu na web por comparar o presidente Jair Bolsonaro ao nazista Adolf Hitler.
A polêmica imagem traz Bolsonaro com um corte de cabelo similar ao adotado por Hitler e o mesmo tipo de bigode usado pelo nazista, só que formado pela palavra “genocida”. A revista também chamou o presidente brasileiro de “mercador da morte”.
Outro ponto presente na capa é uma crítica aos apoiadores de Bolsonaro, definidos pela revista como uma “seita negacionista e obscurantista”.
Nas publicações, apoiadores de Bolsonaro criticaram a capa da revista e lamentaram os “ataques” contra o presidente. Alguns também apontaram inconsistências de veículos de mídia por afirmar que são atacados, mas fazerem o mesmo tipo de coisa contra Jair Bolsonaro.