Vacinar crianças não deveria ser prioridade no Brasil, afirma médico

Veja o que dizem especialistas sobre decisão da Anvisa

Na quinta-feira 16, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu que a vacina da Pfizer contra a covid-19 pode ser aplicada em crianças de 5 a 11 anos.

A notícia preocupa pais e boa parte da comunidade médica, que questionam a necessidade de vacinação desse grupo e a falta de estudos clínicos que contemplem essa população.

O médico clínico geral e doutor em imunologia Roberto Zeballos diz que vacinar crianças “não deveria ser prioridade” no Brasil. “Precisamos analisar o momento da pandemia no país”, afirma Zeballos. “Os casos e as mortes por covid-19 estão em queda há alguns meses e a doença caminha para se tornar endêmica.” Além disso, o médico questiona a vacinação em uma faixa etária que foi pouco afetada pelo coronavírus. “No caso das crianças, as fatalidades foram mínimas, além de existirem estudos que revelam que as crianças transmitem menos do que os adultos.”
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Estudos de vacinas em crianças

Os estudos sobre vacinação do público entre 5 e 11 anos preocupam o infectologista Ricardo Zimmermann. Primeiro, o médico afirma que os testes em crianças ocorreram quando não havia a circulação da variante Delta, muito menos da recente cepa Ômicron. “Com o surgimento de novas variantes, o benefício da vacinação pode ser ainda menor.”

Outro fator que chama a atenção do médico é a abrangência do estudo. “A vacina da Pfizer nessa faixa etária foi avaliada em apenas 1,5 mil crianças”, explica. Há relatos de miocardite (inflamação no coração) provocada pela vacina da Pfizer em jovens, principalmente após a segunda dose. “O risco de miocardite pode ser maior que o esperado, mas ainda não ficou evidente, porque o número de voluntários é pequeno,” disse Zimmermann. “Parece-me que a aprovação não foi baseada em estudos com número suficiente de pacientes, nem seguido por prazo adequado.”

Miocardites em jovens

A infectologista Patrícia Rady Muller explica que as vacinas da Pfizer e da Moderna, que usam o RNA mensageiro sintético para fazer o próprio corpo produzir a proteína do vírus, estimulam a resposta imunológica do organismo. Com isso, quem tem predisposição pode desenvolver uma atividade inflamatória no coração. A médica diz que o risco de miocardite é maior em jovens até 24 anos, do sexo masculino: “Nessa faixa etária, o público tem um sistema imunológico mais ativo. Por isso, há risco de desenvolver uma doença autoimune, inclusive uma miocardite. E a testosterona também tem um papel para estimular essa resposta imunológica”.

Para o infectologista Francisco Cardoso, não há necessidade de vacinar crianças contra a covid-19. Além de não serem alvo da doença, são raros os casos de menores de 18 anos que sofrem com a covid na forma grave. Quando isso ocorre, é geralmente em razão de doenças como obesidade mórbida, cardiopatias e síndromes genéticas. “Estudos com crianças e adolescentes são escassos, não são bem controlados e não demonstram a eficiência da vacina em reduzir doença e morte nessa população”, afirma Cardoso. “O que essa vacina pode proporcionar de redução de risco é ínfimo, comparado com o que elas podem causar de aumento de evento adverso sério.”

Alvo de ‘ativismo político’

Na sexta-feira 17, a Anvisa se defendeu de críticas por permitir a vacinação infantil contra a covid-19 e publicou uma nota em que se considera “vítima de ativismo político violento”.

Fonte: Revista Oeste

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