Astro, localizado fora do Sistema Solar, tem metade da massa da Terra e a temperatura da superfície pode chegar a 1.482ºC
Astrônomos do Instituto de Pesquisa Planetária, do Centro Aeroespacial alemão, descobriram um exoplaneta — isto é, um planeta localizado fora do Sistema Solar — onde um ano inteiro tem apenas oito dias de duração. Isso significa que o astro é localizado tão próximo de sua estrela-mãe (31 anos-luz) que completar uma volta inteira em torno dela leva pouco mais de uma semana. Para efeito de comparação, a Terra está a 0,00001581 anos-luz do Sol, a estrela central do nosso Sistema Solar.
Segundo um artigo sobre o estudo publicado na revista científica Science, a temperatura da superfície do corpo celeste, catalogado como GJ 367 b, pode chegar a 1.482ºC. Ele também é bombardeado com radiação 500 vezes mais forte do que a radiação do nosso planeta.
Outra curiosidade sobre o GJ 367 b é que ele é menor do que a maioria dos exoplanetas descobertos até agora, que tendem a ser comparáveis ao tamanho de Júpiter. O planeta é ligeiramente maior do que Marte e tem metade da massa da Terra.
A descoberta
Para descobrirem o astro, os cientistas utilizaram um equipamento chamado Transiting Exoplanet Survey Satellite (Tess), da Nasa, a agência espacial americana. Trata-se de um caçador de planetas baseado no espaço que detecta planetas usando o chamado “método de trânsito”.
Funciona da seguinte forma: pesquisadores observam a luz de estrelas distantes e, quando há uma diminuição do brilho, sabem que detectaram um novo exoplaneta. A ideia por trás desse método é que o corpo celeste estaria se movendo na frente da estrela, provocando uma queda de luminosidade.
Após ser descoberto com o Tess, o GJ 367 b foi investigado também com um telescópio. O equipamento pertence ao Observatório Europeu do Sul, é baseado no solo e usa um método diferente para determinar com mais precisão o raio e a massa de um planeta. Uma vez concluídos os cálculos, o astro foi classificado de planeta rochoso.
“Parece ter semelhanças com Mercúrio”, disse a pesquisadora principal do estudo, Kristiane Lam. “Isso o coloca entre os planetas terrestres de tamanho inferior ao da Terra e traz a pesquisa um passo à frente na busca por uma ‘segunda Terra’.”
Apesar das semelhanças com o nosso planeta, o GJ 367 b não está nem perto de ser habitável — pelo menos por nós, humanos. A temperatura da superfície é tão alta que quase poderia vaporizar o ferro. Pesquisadores também acreditam que o planeta pode ter perdido toda a sua camada externa, chamada de manto externo. Mas estudar o astro pode ajudar os astrônomos a aprender mais sobre a formação de planetas e sistemas planetários, o que pode facilitar a compreensão sobre o desenvolvimento do nosso próprio planeta e do Sistema Solar.
“Já conhecemos alguns desses planetas [chamados de planetas de período ultracurto; USP, na sigla em inglês], mas suas origens são atualmente desconhecidas”, afirmou Kristiane Lam. “Medindo as propriedades fundamentais do planeta USP, podemos ter um vislumbre da formação do sistema e da história da evolução.”