Reprodução da nova cepa do coronavírus foi divulgada pelo Hospital Bambino Gesù, de Roma
Como se suspeitava, a variante Ômicron apresenta um número maior de mutações do que a Delta. É o que aponta a primeira imagem gráfica da nova cepa do coronavírus, divulgada no fim de semana pelo Hospital Bambino Gesù, de Roma.
Segundo a equipe de pesquisadores da instituição, a “imagem” tridimensional, parecida com uma cartografia, mostra que a Ômicron apresenta muito mais mutações que a variante Delta, concentradas principalmente na região da proteína que interage com as células humanas”.
Os cientistas esclareceram que “isso não quer dizer automaticamente que essas mutações são mais perigosas, mas simplesmente que o vírus se adaptou mais uma vez à espécie humana, gerando outra variante”. “Outros estudos nos dirão se essa adaptação é neutra, menos ou mais perigosa”, completaram os especialistas em um comunicado.
Os primeiros estudos sobre a variante sul-africana já haviam indicado que ela tem mais de 30 mutações na proteína spike — a parte do vírus usada como referência pelas vacinas para estimular o sistema imunológico.
Segundo o hospital italiano, a imagem gráfica foi feita “a partir da análise de sequenciamentos dessa nova variante fornecidas à comunidade científica”, provenientes, principalmente, de Botsuana, da África do Sul e de Hong Kong.
“Essa imagem, que representa um pouco o mapa de todas as variantes, descreve mutações da Ômicron, mas não define o papel que elas têm”, afirmou Claudia Alteri, professora de microbiologia clínica na Universidade de Milão e pesquisadora no hospital. “A partir de agora, será importante definir, mediante experimentos de laboratório, se essas combinações podem ter um impacto na transmissão ou na eficácia das vacinas, por exemplo.”
Pelo que se sabe até agora, a variante sul-africana (Ômicron), apesar de aparentemente mais contagiosa, provoca sintomas leves da covid-19 na grande maioria dos casos. Na África do Sul, em geral, os infectados se queixaram de fadiga, dores musculares e de cabeça, tosse seca e irritação na garganta.
A variante foi descoberta por Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, que disse à agência de notícias France-Presse que grande parte dos pacientes atendidos está se recuperando bem e não precisou de internação.