O uso de coleiras em crianças é comum em alguns países, mas ainda causa estranheza no Brasil. Psicólogas opinam sobre o item de segurança
Viralizou no TikTok o vídeo de uma babá brasileira que usou nas crianças as quais toma conta uma coleira infantil. O caso ocorreu nos Estados Unidos. A mulher justificou que os pequenos seriam muito agitados, e ela teria medo de que eles saíssem correndo, podendo ocasionar eventuais acidentes.
Em alguns países, o uso das coleiras infantis é muito comum. Inclusive, elas aparecem em um episódio da famosa série Modern Family, no qual podemos ver os personagens Cameron e Mitchell utilizando o item na filha Lily, em um passeio a Disneyland.
A psicóloga Fabiana Gauy acredita que, no exterior, como os pais não contam com tanta ajuda para os cuidados dos filhos, recursos como este e o uso de carrinho até para crianças maiores são válidos.
Apesar do nome, o acessório não tem contato com o pescoço da criança. Alguns modelos funcionam como um colete ou uma mochila. Existe ainda a pulseira com uma guia acoplada para ser amarrada ao pulso do adulto.
O vídeo gerou discussão nas redes sociais. Há quem ache que a atitude é vexatória para a criança. Um usuário do Twitter se referiu à cena como sadismo. Por outro lado, há quem concorde com o uso.
Segundo a psicóloga infantil Alessandra Araújo, quando se coloca uma coleira na criança, limita-se um determinado espaço para os pequenos caminharem. O acessório, de acordo com ela, não trabalha o processo cognitivo.
“O problema não é a guia em si, mas o motivo de os pais estarem usando. Pode atrapalhar quando inibe a mobilidade da criança ou gerar desconforto físico e emocional, ou ainda quando os pais usam a coleira como conforto para não ficarem atentos aos filhos”, complementa a psicóloga Fabiana Gauy.
Fabiana acredita que o método, como uma maneira de proteção, seja válido em situações em que os pais estão sozinhos e em ambientes de risco, porém, é substituível pelo diálogo e pelo estabelecimento de regras, levando aos pequenos uma maior compreensão dos cuidados e consequências.
“Ter esse espaço de diálogo e psicoeducação forma sujeitos mais estruturados e seguros. O mais importante é estabelecer vínculos afetivos saudáveis com os pais ou responsáveis”, finaliza Alessandra Araújo.