Por meio de nota, Aécio Neves detonou João Doria, que havia lhe criticado anteriormente por supostamente ter melado a adesão do PSDB ao bloco de Maia e Baleia Rossi:
“O destempero do governador se deve, na verdade, à sua fracassada tentativa de se apropriar do partido, como ficou explicitado no jantar promovido por ele ontem, que tinha como objetivo afastar o atual presidente Bruno Araújo, para que ele próprio assumisse a presidência do PSDB”.
Aécio disse também que Doria chegou a se autoproclamar presidente da legenda. “O desrespeito à democracia interna é tamanha que hoje mesmo o governador chegou ao extremo de se autoproclamar “presidente nacional do PSDB”, cargo para o qual nunca foi escolhido por seus pares”.
Ainda segundo o ex-governador de Minas, “política não se faz com arroubos pela imprensa e nem se resume a ações sucessivas de marketing”. E completou, subindo o tom contra o governador paulista e acusando-o de oportunismo e de criar falsos conflitos:
“Se o Sr. João Doria, por estratégia eleitoral, quer vestir um novo figurino oposicionista para tentar apagar a lembrança de que se apropriou do nome de Bolsonaro para vencer as eleições em São Paulo, através do inesquecível Bolsodoria, que o faça, sem utilizar indevidamente e de forma oportunista outros membros do partido. Criar um conflito artificial dentro do PSDB para alimentar na imprensa projetos pessoais cada vez menos críveis, é desrespeitar a história de uma legenda construída há décadas por muitos brasileiros e que, mesmo nos momentos dos mais duros embates, jamais viu desaparecer a boa educação e, principalmente, o respeito entre seus membros. Lamento profundamente que esteja faltando ao governador de SP a temperança e a humildade para compreender aquilo que sabemos desde a fundação do partido: que o PSDB não tem dono e que a vontade de um jamais se sobreporá à vontade da maioria”.
A avaliação de Aécio é apoiada pelo presidente do PSDB em Minas, deputado Paulo Abi-Ackel. Ele também disse que Aécio foi usado como “isca” para o jantar promovido por Doria, mas que o objetivo seria tratar da presidência do partido. E garantiu que não houve qualquer movimento de apoio a Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara e que Aécio, inclusive, trabalhou para manter o PSDB no bloco de apoio à Baleia Rossi.
“O governador Doria deveria buscar conquistar a simpatia do partido, ao contrário, ele busca tomar o partido para si. Criou um problema artificial tendo como objetivo tirar da presidência Bruno Araújo, assumir o seu lugar, impedir prévias e não dar margem para qualquer possibilidade do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, crescer na preferência da militância. Usou Aécio Neves como instrumento”.