Estatal perdeu R$ 100 bilhões em razão da interferência da ex-presidente Dilma Rousseff na política da Petrobras
O presidente Jair Bolsonaro disse que não irá interferir na política de preços da Petrobras, atrelada ao mercado internacional. “Não vou congelar o preço do combustível. Nós já tivemos uma experiência de congelamento no passado”, prometeu, durante evento na 1ª Feira Brasileira de Nióbio, em Campinas (SP), na sexta-feira 8. Ontem, a estatal reajustou os insumos em 7,2%.
Bolsonaro afirmou que o Brasil é autossuficiente na questão do combustível e ironizou os questionamentos à política de preços. “Quando se fala em combustível, somos autossuficientes. ‘Ah, mas por que o preço atrelado ao dólar?’ Eu posso agora rasgar contratos?”, lembrou, em alusão às decisões de seu antecessor Michel Temer, que tornaram a Petrobras mais competitiva.
No pronunciamento, o presidente citou países da Europa, que estão sofrendo com desabastecimento de combustíveis e até alimentos. “Nos últimos dois meses, o preço do gás subiu 300% no Reino Unido”, lembrou. “Mantimentos em vários países já começam a faltar. Desabastecimento, que é pior que a inflação. Lá ninguém está gritando ‘fora, Boris Johnson’”, observou Bolsonaro. -Publicidade-
Política de preços
A Petrobras ajusta seus preços de acordo com os praticados no mercado internacional de modo a impedir que a empresa acumule prejuízos. Ainda sob o efeito da pandemia, o preço do petróleo tem subido com força no exterior, provocando desajuste entre a oferta e a demanda pelo insumo. Soma-se a isso a restrição de produção pelos grandes exportadores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que reúne os grandes produtores mundiais.
Mesmo que o Brasil seja autossuficiente em petróleo, extraindo quase a mesma quantidade do produto que consome, o país importa óleo refinado e exporta o insumo bruto. Por isso, os preços internos precisam refletir os custos no mercado internacional e são influenciados também pela alta do dólar frente ao real. O câmbio é influenciado em boa parte pela incerteza política e fiscal provocada pelo governo no mercado financeiro.
Era Dilma
Em 2015, Mauro Rodrigues da Cunha, então conselheiro da Petrobras, depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a empresa. O executivo afirmou que a contenção de preços de Dilma gerou perda de R$ 100 bilhões para a companhia. O cálculo inclui o que a estatal deixou de ganhar e o que gastou a mais em despesa financeira, fruto da ausência de paridade do combustível com os preços internacionais. A Petrobras mantinha o preço da gasolina quase congelado como forma de segurar a inflação, enquanto seu endividamento pesava cada dia mais, visto ser, em sua maior parte, em moeda estrangeira.