Caso envolve a empresa Global, de Francisco Maximiano, que também é dono da Precisa Medicamentos
A CPI da Covid entra em sua reta final evitando discussões sobre o fato de seu relator, Renan Calheiros (MDB-AL), investigar um empresário que é suspeito de ter feito repasses ilegais em favor do próprio congressista, além de outros caciques do MDB.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada nesta sexta-feira, 24, destaca um possível conflito de interesses envolvendo Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos e de outras empresas, como a Global, que transferiu R$ 9 milhões para Milton Lyra, suspeito de ser operador financeiro de Renan, segundo apurações em inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Renan teve acesso a um acervo de documentos obtidos em uma devassa nos dados de Maximiano e suas empresas. Na CPI da Covid, foram quebrados sigilos relativos à Global a partir de 2018.
Em tese, Renan terá à sua disposição dados e documentos que já foram ou podem ser recolhidos em medidas de busca e apreensão pela Polícia Federal, e assim ter conhecimento antecipado sobre elementos que eventualmente podem ser usados na investigação do STF.
O inquérito no Supremo é relatado pelo ministro Luís Roberto Barroso e investiga suposto pagamento de benefícios a Renan por empresários que fizeram negócios relacionados ao fundo de pensão de funcionários dos Correios, o Postalis.
Matéria absurda, diz o senador
Procurado pela Folha de S.Paulo, Renan Calheiros afirmou por meio de sua assessoria que “a ilação feita na matéria é uma das coisas mais absurdas de que se tem notícia”.
“O senador sequer conhecia Maximiano antes da CPI e jamais teve operador”, disse, em nota. “Não por acaso, falsas imputações e ilações irresponsáveis já levaram ao arquivamento de mais de dois terços das acusações feitas contra ele nos últimos anos. Esse inquérito por certo terá o mesmo destino.”
Procurada pela reportagem, a defesa de Milton Lyra não se manifestou.