‘Foi louco, parecia um filme’, diz ex-assessor de Trump sobre interrogatório da PF

Jason Miller foi abordado pela Polícia Federal quando tentava embarcar para os Estados Unidos

O estrategista político norte-americano Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, concedeu entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, exibido nesta quarta-feira, 8. Durante a conversa, o empresário esclareceu os momentos de tensão aos quais foi submetido na última terça-feira, 7, no Aeroporto de Brasília. A pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Miller foi detido e interrogado pela Polícia Federal. O estrategista foi ouvido dentro do inquérito que apura a organização e o financiamento das manifestações do 7 de Setembro.

Abaixo, a transcrição da entrevista concedida pelo empresário norte-americano.

— O que aconteceu, exatamente, no Aeroporto de Brasília?

Foi estranho, chegou a ser cômico. Assim que a Polícia Federal aproximou-se de minha equipe, composta de quatro pessoas, foi-nos informado que apenas dois de nós estávamos autorizados a embarcar. Nenhum dos policiais designados para nos interrogar falava inglês. Então, uma funcionária do aeroporto, sem autorização da Justiça ou da Polícia Federal, percebeu que não estávamos conseguindo estabelecer comunicação e ofereceu-se para traduzir a conversa. Ficávamos perguntando: “Estamos sendo interrogados, presos, investigados?”

— Em algum momento, suspeitou que alguma coisa parecida poderia acontecer com o senhor?

Suspeitava que algo poderia ocorrer, sim, mas não no Brasil. Quando estávamos na sala de interrogatório, sendo indagados pela Polícia Federal, os agentes mostraram uma ordem expressa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal [STF]. Pelo que entendemos, tratava-se de uma investigação secreta, e não tínhamos o direito de saber os motivos de estarmos sendo investigados. Eu disse que não estava entendendo o que estava acontecendo, e os policiais responderam: “Se assinarem este papel, poderão seguir a viagem”. Questionamos, então: “Como vamos assinar um papel que não sabemos o que está escrito? Não há um tradutor oficial, não sabemos que processo é este”.

— Diante desse fato, quais ações serão adotadas pelo governo dos EUA?

Talvez seja prematuro saber quais ações diplomáticas serão adotadas, mas fica muito óbvio tratar-se de uma ação política, porque minha empresa, a mídia social Gettr, promove exclusivamente a liberdade de expressão. Passei a vida inteira estudando geopolítica, e um dos meus propósitos é trazer investimentos e empregos para o Brasil. Essa medida [adotada pela Justiça brasileira] não vai funcionar, porque vou continuar a investir no Brasil.

— O que o senhor pensa a respeito da Medida Provisória que altera o Marco Civil da internet, assinada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro?

Eu não tive a oportunidade de ler a Medida Provisória, mas conversei com o presidente Jair Bolsonaro sobre o problema da falta de liberdade na internet — por isso resolvi iniciar a Gettr, aliás. A rede social será defensora inviolável da liberdade de expressão e de pensamento. Contudo, não será permitido discurso favorável à violência, ao terrorismo, à pedofilia et cetera. Vamos estabelecer os princípios do Gettr para que a liberdade de expressão seja respeitada, principalmente no Brasil.

Fonte: Revista Oeste

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