Medida é alvo de forte oposição do presidente Jair Bolsonaro, que já prometeu vetar a medida
A comissão especial da Câmara aprovou, nesta terça-feira (8), a proposta que libera o cultivo da maconha para uso medicinal e industrial. Com 17 votos favoráveis e 17 contrários, o desempate na votação do texto principal coube ao relator, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), que decidiu a favor da medida.
A proposta tramita em caráter conclusivo e, por conta disso, poderá ser enviada diretamente ao Senado para votação, após a aprovação do colegiado especial. Entretanto, os deputados governistas, que são contra a proposta, informaram que vão apresentar recurso para levar a análise ao plenário da Câmara.
Após a aprovação do texto principal, o colegiado rejeitou todos os destaques (propostas de alterações) apresentados. De acordo com o relatório, “farmácias vivas” do SUS, que já fazem o cultivo de plantas medicinais, poderão também plantar maconha.
O plantio deve ser feito por pessoas jurídicas com autorização da Anvisa, no caso de uso medicinal. Já para uso industrial ou veterinário, a autorização deverá ser dada pelo Ministério da Agricultura.
Em manifestações recentes, o presidente Jair Bolsonaro já declarou que pretende vetar o projeto caso seja aprovado. No último mês, houve a troca de parlamentares para fortalecer a ala contrária ao projeto na comissão. O texto teve como base o projeto do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE), de 2015.
Inicialmente, o projeto alterava a Lei Antidrogas apenas para autorizar no Brasil a venda de medicamentos oriundos da cannabis sativa. O relator apresentou um substitutivo amplo, que prevê o uso medicinal, veterinário, científico e industrial. Mitidieri defendeu a proposta mais ampla.
A quem interessa?
De acordo com o secretário, o interesse na aprovação do projeto é de grupos de esquerda, globalistas e do mercado de exploração das drogas.
A comissão especial do PL 399/15 foi instalada durante a gestão do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência do Legislativo, após acordo com partidos de esquerda. O presidente do colegiado é o petista Paulo Teixeira (SP). O relator é o deputado Luciano Ducci (PSD-PR). “Nós já identificamos aqui o primeiro grupo de interesse para que esse projeto prospere: São os movimentos de esquerda, que historicamente têm na legalização da maconha uma bandeira política”, pontua Quirino Júnior. “O deputado federal Paulo Teixeira é conhecido por ser um histórico defensor da legalização da maconha. O que ele está fazendo, como todos os grupos de esquerda dentro da Câmara dos Deputados, é pegar uma brecha nesse projeto não com interesse na saúde das pessoas, mas para colocar em vigor uma pauta que já defendem há bastante tempo”, acrescenta.
Outro grupo de interesse, segundo o secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, é o de exploração do mercado da maconha. “Obviamente isso não se restringe a eventuais usos terapêuticos. O que esse grupo quer é explorar o mercado da droga, independente se isso trará problemas para a sociedade. É um grupo que busca aferir grandes lucros às custas da instalação de um mercado da morte no Brasil, um narcomercado”.
O último grupo seriam os movimentos ligados ao globalismo, como, por exemplo, a Open Society, do magnata George Soros. “A Open Society sempre vem atuando nessas frentes. Recentemente Ilona Szabó concedeu uma entrevista à CNN. Atualmente, ela é presidente do Instituto Igarapé, uma ONG que recebe recursos da Open Society e de outras tantas. Nessa entrevista, Szabó defendia escancaradamente a legalização das drogas no Brasil”, comentou o secretário.