Wagner Rosário destacou importância de que a CPI da Covid apure também a aplicação dos repasses federais
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, comentou, na noite de segunda-feira (24), o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid na investigação dos atos relacionados à pandemia. Em entrevista, ele ressaltou a importância de que o colegiado analise também a aplicação local dos recursos enviados pela União para o combate ao vírus.
– Sabemos que o SUS tem uma organização tripartite, então toda essa pandemia tem que ser tocada dentro dessas competências. Me parece que o foco da CPI tem sido muito a gestão federal, mas nós sabemos que não é simples, envolve muita gente. Nós identificamos muitos casos de corrupção em estados e municípios, então a população quer que [a CPI] olhe os problemas no total – disse.
Ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, Rosário falou sobre as suspeitas de desvios de recursos enviados pelo governo federal a estados e municípios. Sobre o tema, o ministro disse que ainda não há valores totais identificados de todos os desvios, mas que, em sua estimativa, o prejuízo potencial está em R$ 160 milhões, e o efetivo já alcança R$ 40 milhões.
Rosário também comentou a declaração dada pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante a CPI, em que o ex-chefe da pasta federal informou que a CGU teria orientado o governo a não assinar o contrato com a farmacêutica Pfizer para a compra das vacinas contra o coronavírus. Questionado, Rosário explicou como aconteceram as conversas entre a CGU e o governo.
– Emitimos um parecer no dia 3 de março de 2021 que analisava riscos do contrato e algumas cláusulas que eram sigilosas e que preocupavam o governo como um todo. Como cláusulas de pagamento de garantias que a empresa não seria responsabilizada. O nosso parecer apontava os riscos, então deixamos claro que existiam esses problemas. Mas, se tomados essas medidas, os contratos poderiam ser assinados – relatou.
Wagner Rosário também falou sobre a acusação da existência de um suposto orçamento paralelo do presidente Jair Bolsonaro, que envolveria a destinação de R$ 3 bilhões em emendas do Orçamento federal a alguns parlamentares e também para compra de tratores e outros maquinários superfaturados. De acordo com o ministro da CGU, não há nada secreto no governo.
– A peça orçamentária é única. Secreto é algo escondido e, se os valores estão lá, ele não é secreto. A primeira mentira da reportagem [do Estadão] é essa. Depois diz que o orçamento secreto foi direcionado para a compra de tratores superfaturados e não diz qual foi o trator superfaturado ou quanto foi pago – completou.