No decorrer de uma entrevista para a imprensa acerca da Operação Exceptis praticada nesta quinta-feira (06), na comunidade do Jacarezinho, o subsecretário Operacional da Polícia Civil do RJ, Rodrigo Oliveira, criticou o “ativismo judicial” e afirmou que foram respeitados todos os protocolos estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde meado do ano passado, a Suprema Corte suspendeu as operações da Polícia fluminense em favelas durante a pandemia. A decisão só permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, após comunicação e justificativa ao Ministério Público.
“A que se discutir o que é excepcionalidade, há algo superior, é uma aberração, as barricadas. A Polícia Civil sempre se fará presente. Vamos a qualquer lugar. Por força de um ativismo judicial fomos impedidos de entrar em comunidades; isso fortalece o tráfico, expande seus domínios” — afirmou Oliveira.
No decorrer da operação de ontem, pelo menos 25 pessoas morreram, entre elas o policial civil André Frias.
“O sangue do policial morto está nas mãos de entidades que fazem ativismo”, completou o policial, ao afirmar: “Temos lideranças de outros estados achando que ali a polícia não vai” — disse o representante da Polícia Civil.
O ministro Edson Fachin, do STF, afirmou que vai levar a ação que discute a letalidade das forças policiais do Rio de Janeiro ao plenário virtual, no próximo dia 21 de maio.
Segundo um dos delegados responsáveis pela ação de ontem, “fatos graves” foram investigados e constatados, como o aliciamento de crianças e adolescentes pela facção criminosa que domina a região.
‘Não há que se comemorar o resultado. Mas não é aceitável crianças, filhos de trabalhadores, serem aliciados. “Os senhores viram a reação, eles atiraram para confrontar o Estado e matar o policial”.
A Polícia Civil explicou que agiu com base em inteligência, apuração e ação, depois mais de dez meses de investigação. Foram emitidos 21 mandados de prisão. “O garoto começa de alguma forma cooptado fazendo pequenos serviços até chegar a ser o chefe do tráfico. O Estado deixar de se fazer presente e o outro lado se fortalece. Quando a polícia não entra, o traficante vira líder. Aquela criança precisa perceber que o crime não compensa” — destacou o subsecretário.
Ao justificar a ação, a corporação disse que a facção criminosa que atua na região age de forma semelhante a grupos terroristas, fazendo até o sequestro de trens da SuperVia. Segundo as investigações, os criminosos têm “estrutura típica de guerra”, com centenas de “soldados munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares”.
O grupo, considerado um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na região, alicia crianças e adolescentes para praticar crimes, como o tráfico de drogas, roubos e homicídios.
O agente André Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), morreu após ser baleado na cabeça. Levado ao Hospital Municipal Salgado Filho com quadro clínico considerado grave, ele não resistiu.