‘Há uma utilização de inocentes úteis para barrar um projeto de uma ferrovia que vai ser transformadora’, afirma ministro da Infraestrutura
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, classificou como “cortina de fumaça” os questionamentos apresentados em uma ação do PSOL junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que obteve a suspensão do projeto da Ferrogrão — ferrovia destinada a se tornar a rota mais importante de escoamento do agronegócio brasileiro.
Com previsão de alcançar 933 quilômetros em extensão, a ferrovia conectará a região produtora de grãos do Centro-Oeste, em Mato Grosso, ao Estado do Pará, desembocando no Porto de Miritituba. A Ferrogrão ligará os municípios de Sinop (MT) e Itaituba (PA), às margens do Rio Tapajós. Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu à reivindicação do PSOL e suspendeu a eficácia da Lei 13.452/2017, que teve origem em um projeto de conversão da Medida Provisória (MP) 758/2016. Essa MP alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, excluindo 862 hectares da unidade de conservação ambiental. Na ação, o partido alega que somente uma lei em sentido formal — e não uma MP — poderia autorizar a alteração ou a supressão de áreas de unidades de conservação.
“A questão da Ferrogrão não tem nada a ver com o meio ambiente. O meio ambiente é uma cortina de fumaça”, afirmou Tarcísio ao participar de uma live promovida pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará, na sexta-feira 23 (clique aqui para assistir). “Aqueles que vão competir com a Ferrogrão não querem a Ferrogrão. Aí é muito fácil usar o discurso ambiental contra uma ferrovia, o que é um absoluto contrassenso. Como uma ferrovia não é um negócio sustentável? É só no Brasil”, protestou o ministro.
“Na verdade, há uma utilização de inocentes úteis para barrar um projeto de uma ferrovia que vai ser transformadora para a logística e vai deixar o nosso produtor o mais eficiente do mundo. Ele já é eficiente da porteira para dentro e vai se tornar eficiente da porteira para fora”, prosseguiu Tarcísio ao defender a retomada do projeto. “E o cara que cobra hoje o frete rodoviário ou faz o transporte de ferrovia cobrando o preço rodoviário não quer que essa ferrovia saia. O jogo é muito claro”, disse. “É esse o jogo. Se não fizesse sentido, a gente já teria abandonado. Se a gente está levando adiante esse projeto, é porque a iniciativa privada está trazendo esse calor para nós, está nos ajudando.”
Sobre as acusações de que a Ferrogrão representaria uma ameaça ao meio ambiente, o ministro afirmou que o balanço ambiental do projeto é “extremamente positivo”. “A gente está usando, para deixar um traçado extremamente eficiente, 466 hectares de parque. De 862 mil! Significa que a gente está usando 0,054% da área do parque para fazer uma ferrovia que vai ser um corredor verde”, explicou. “Sob todos os aspectos e sob todos os pontos de vista, a Ferrogrão é um grande negócio. E ela vai acontecer. Porque o Brasil precisa dela. A necessidade vai se impor.”
Segundo o governo, a Ferrogrão também servirá como uma “esteira de grãos”, substituindo o modal rodoviário — meio de transporte mais poluente e ineficiente — e criando uma multimodalidade formada por ferrovia, hidrovia e portos. Em 30 anos, a expectativa é que a Ferrogrão movimente 48,6 milhões de toneladas e crie 160 mil empregos, reduzindo em quase R$ 20 bilhões o custo logístico da produção. O investimento estimado para o projeto é de R$ 12 bilhões.
A decisão de Moraes será submetida ao plenário do STF, para apreciação dos demais ministros da Corte, e pode ser revertida. Não há previsão de data para que o assunto seja analisado.